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A mais recente tentativa para reunir os dois partidos


A mais recente tentativa para reunir os dois partidos à mesa redonda foi anunciada pelo presidente nigeriano Olussegun Obasanjo, que disse que o Presidente Robert Mugabe tinha concordado em conversações com o Movimento Para a Mudança Democrática.

Passou mais de um mês desde que Obasanjo fez o anúncio.Todavia, o lider do movimento oposicionista, Morgan Tswangirai, disse que até agora não tem havido conversações formais ou informais com o Partido Zanu-Frente Patriótica. Mas caso estas tenham lugar, os objectivos da oposição são claros:

‘...necessitamos de um mecanismo constitucional de transição, um parlamento em que as duas forças sejam representadas, e finalmente, novas eleições, para legitimar a nova situação. As eleições devem ser realizadas sob a supervisão da comunidade internacional por forma a criar a confiança nos Zimbabwianos, que já foram defraudados nas três ultimas eleições. Desta feita, torna-se necessário criar neles esse ambiente de confiança...’

De acordo com o Professor John Makumbe, da Universidade do Zimbabwe, seria precisamente para evitar a referida agenda que Mugabe rejeita as conversações com a oposição, que poderiam forçá-lo a abandonar a presidência antes do fim do seu mandato que expira em 2008:

’...sei que Mugabe nem sequer faz tensões de entabular conversações com o Movimento Para a Mudança Democrática, nem com o seu líder, Morgan Tswangirai, devido ao facto de ter já declarado que deseja completar o seu mandato. Por isso, para ele, não existe, realmente, a necessidade de conversações para impedir um colapso total do Zimbabwe.’

Por sua vez, Mugabe afirma que não tem nada para discutir com o Movimento Para a Mudança Democrática fora do Parlamento, sendo verdade que o seu Partido Zanu-Frente Patriótica tem uma maioria de dois terços, o suficiente para mudar a constituição ou legislar sem o consentimento da oposição.

Mugabe acusa a oposição de Tswangirai de ser uma frente para o plano da Grã-Bretanha para a recolonização do Zimbabwe:

’...o Movimento Para a Mudança Democrática é completamente diferente doutros partidos da oposição. É uma criação posta no lugar pelos Britânicos. Não se pode fazer nada com eles a menos que se libertem da Grã-Bretanha. Conversações são inúteis, a menos que o Movimento se defina como nacionalista e que não aceite ditados de ninguém. Se tem mestres por detrás de si, são esses mestres que devemos atacar...’

Tswangirai rejeita as alegações de serem fantoches do Primeiro Ministro britânico Tony Blair. No entanto, o líder da oposição admite que às vezes os britânicos fazem afirmações que não ajuda muito o seu movimento. O ano passado, o líder britânico afirmou no Parlamento que estava a trabalhar para mudanças democráticas no Zimbabwe com a ajuda do seu Movimento.

A África do Sul e a Nigéria conseguiram reunir à mesa negocial os dois partidos zimbabwianos para discutir as eleições presidenciais de 2002.Mas as negociações entraram no impasse quando a oposição recusou abandonar o desafio à vitoria de Mugabe. Desde então a oposição tem insistido na reforma eleitoral.

O Movimento Para a Mudança Democrática, formado em 1999,participou também nas eleições parlamentares de 2000 e 2005,tendo perdido em ambas as corridas. A comunidade internacional e muitos zimbabwianos acusaram fraude.

Além da polarização das suas forças políticas, os zimbabwianos, enfrentam ainda a crise económica, cada vez maior preparando-se para o pior. Combustível, alimentação e outros bens de primeira necessidade estão numa escassez cada vez maior, enquanto o desemprego atinge a casa dos 80 por cento e a inflação ultrapassa a taxa de 160 por cento. Mugabe acusa o movimento oposicionista e os seus apoiantes ocidentais da deterioração da situação no Zimbabwe. Todavia, os analistas apontam para a má gerência económica e a reforma agrária violenta imposta pelo governo de Mugabe em 2000 como sendo as causas principais da crise zimbabwiana.

O Prof. universitário John Makumbe afirma que os zimbabwianos podem forçar Mugabe para uma solução de compromisso sem meios violentos, tornando o país ingovernável, sem que seja necessária a formação de um novo partido.

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