O Embaixador da Grã-Bretanha nas Nações Unidas, Emyr Jones-Parry, pediu ao Conselho de Segurança para que Anna Tibaijuka, a enviada especial que veiculou a semana passada um relatório condenando a campanha das demolições no Zimbabwe, comparecesse para uma sessão de informação directa ao Conselho de Segurança.
O Relatório Tibaijuka sugere que a demolição poderia constituir crime contra a humanidade, afirmando que os responsáveis devem ser punidos.
O pedido do diplomata britânico, apresentado durante uma sessão à porta fechada do Conselho de Segurança ontem, terça-feira, gerou uma enérgica oposição por parte da China, Rússia e Argélia, enquanto vários outros membros do grupo expressavam preocupações adicionais, que não tornando claro como a questão deverá ser encarada.
A sessão de informação poderia significar a quebra de impasse tanto para as Nações Unidas como para a Grã-Bretanha que tem tentado em vão colocar a questão do Zimbabwe na agenda do Conselho. A China tem-se mantido constante na oposição, sublinhando a posição tradicional daquele organismo internacional à interferência nos assuntos internos de qualquer dos estados membros.
Interpelado para explicar a relutância do Conselho de Segurança em discutir a questão zimbabwiana, a Embaixadora americana nas Nações Unidas, Anne Patterson, que não hesita em manifestar as suas opiniões, disse ter chegado o momento para a reforma da agenda:
’...esta é que é a questão, sendo este um assunto totalmente apropriado ao Conselho de Segurança. Se posso dizer um pouco mais, a questão criou um espaço e uma oportunidade para a reforma da agenda nas Nações Unidas no que respeita a consideração de questões deste género. O que se torna claro neste relatório é a crise humanitária, a conveniência apropriada para o Conselho de Segurança rever o problema, e muito francamente, posso dizer ainda, também o resto das violações dos direitos humanos pelo governo zimbabwiano....'
A Embaixadora Patterson disse que as condições no Zimbabwe são tão instáveis que ameaçam os países vizinhos.
A China manifestou a sua oposição enquanto o Presidente Robert Mugabe se encontrava de visita a Pequim aonde foi assinar um acordo com o líder chinês, Hu Jintao. Mugabe tem tido laços estreitos com Pequim desde longa data, sendo a China a maior fornecedora de ajuda e investimentos ao governo de Mugabe.
Num assunto relacionado, a porta voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, minimizou as noticias anteriores segundo as quais o Secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, poderia visitar o Zimbabwe dentro em breve:
’...não é iminente. Muitas coisas devem primeiro acontecer no terreno, entre as quais a suspensão das demolições, a necessidade da ajuda humanitária chegar às populações afectadas, e obviamente, tal como diz o relatório da Senhora Tibaijuka, deve começar também o diálogo político entre o governo e outros interessados. Tudo isso deve acontecer primeiro, pelo menos lhes dar inicio significativo, antes que o Secretário-geral possa visitar o país.'
O relatório da Senhora Tibaijuka critica o governo de Harare em termos enérgicos e não habituais, descrevendo a campanha das demolições como desumana e mal planeada. Na nota que acompanha o relatório, o Secretário-geral Kofi Annan disse que o documento é profundamente inquietante.
Por sua vez, o Zimbabwe denunciou o relatório, que classificou de produto exagerado de preconceitos, defendendo a campanha, afirmando que as palhotas e choças destruídas eram albergues de criminosos. Entretanto, noticias provenientes do Zimbabwe esta semana afirmam que o governo retomou a campanha das destituições, demolindo os maiores bairros de lata do país.