Após dois anos de estado de emergência destinado a combater uma rebelião separatista, o governo da Indonésia decidiu autorizar a província de Aceh, assolada pelo maremoto, a regressar a um regime normal.
O governo indicou tratar-se de uma medida de boa vontade no processo das negociações de paz com os rebeldes e que possibilitara o fornecimento de ajuda a centenas de milhar de vitimas do abalo telúrico de 26 de Dezembro a que se seguiu o maremoto.
Durante dois anos a população de Aceh viveu sob um regime de emergência, tendo no primeiro ano sido sob regime militar, e posteriormente sob estado de emergência civil.
A legislação de emergência, que permite a suspensão de determinadas liberdades civis, constitui parte da tentativa de Jacarta de suprimir uma revolta separatista do Movimento Livre de Aceh.
O governo indonésio decidiu deixar caducar a legislação e os quatro milhões de habitantes de Aceh estão a passar o primeiro sob um regime civil normal.
A decisão foi bem acolhida em duas frentes e deve simplificar o processo de conceder assistência aos 600 mil sobreviventes sem habitação do maremoto de Dezembro, sendo igualmente um gesto de boa vontade antes das negociações de paz marcadas para a próxima semana, entre o governo e os separatistas.
Salim Sai’d um analista político da Universidade da Indonésia em Jacarta ...
"O único problema reside na possibilidade de os separatistas poderem manipular a oportunidade já que se verificou o regresso ao controle civil, e tal venha a provocar o governo a chamar os militares. Será ainda pior se tal acontecer."
O governo indicou tencionar manter uma forte presença de segurança em Aceh, avaliando-se em 50 mil o numero de militares presentes.
Estima-se em mais de 14 mil o numero de pessoas que terão morrido em cerca de 25 anos de conflito em Aceh, e muitos observadores esperam que o sentido de uma causa comum resultante da catástrofe de Dezembro possa traduzir-se numa paz duradoura para a conturbada província.
