Links de Acesso

Greve dos médicos são-tomenses "coloca o dedo" na crise do sistema de saúde


Banco de Urgência do Hospital Ayres de Menezes, São Tomé e Príncipe
Banco de Urgência do Hospital Ayres de Menezes, São Tomé e Príncipe

Utentes e profissionais dizem que falta tudo no hospital central

A paralisação dos médicos em São Tomé e Príncipe entrou no segundo dia nesta sexta-feira, 25 de outubro, sem qualquer fim à vista, apesar de o Governo reconhecer os inúmeros problemas que enfrenta o sistema acional de saúde.

Utentes e profissionais dizem que o Hospital Ayres de Menezes, o maior e melhor equipado do país, já não tem condições para continuar a funcionar.

Greve de médicos são-tomenses "coloca o dedo" na crise do sistema de saúde
please wait

No media source currently available

0:00 0:03:32 0:00

O Sindicato dos Médicos (SIMED) justifica a greve por tempo indeterninado com exigências por melhores condições de trabalho nos hospitais e nos centros de saúde e a falta de medicamentos, reagentes e consumíveis.

O único hospital de São Tomé e Príncipe tem mais de um século de existência.

Construído em 1915 apresenta vários problemas, mas o mais grave é a falta de água.

"Água para beber, para tomar banho ou lavar a roupa são os familiares que têm que trazer de casa”, disse à Voz da América um utente que preferiu anonimato.

“É um sufoco tanto para os profissionais como para os utentes. Lamentamos bastante porque para fazer a higienização, sobretudo dos doentes acamados é um caos”, reclamou igualmente um enfermeiro que também não quis ser identificado.

Utentes e profissionais dizem que o Hospital Ayres de Menezes já não tem condições para continuar a funcionar.

Aos problemas de infraestrutura os utenttes associam carência técnica e profissionais, enquanto os doentes ficam sem resposta aos seus problemas.

“Se fosse um problema que pudessem resolver aqui, já estaria resolvido. Mas como não dá para resolver cá, estou a espera para ser evacuada”, disse outra paciente.

Saúde em Foco: escassez de doação de sangue preocupa profissionais de saúde
please wait

No media source currently available

0:00 0:15:01 0:00

Quanto às evacuações, sobretudo para Portugal, muitas não acontecem a tempo de salvar o doente.

“Temos doentes que estão à espera há quase um ano e vai degradando o seu estado de saúde", afirmou uma médica, sublinhando que "alguns desses casos podiam ter solução aqui no país, mas era preciso que houvesse algum investimento”.

Como se não bastasse, nos últimos anos o sistema nacional de saúde também tem enfrentado uma grave crise de medicamentos, consumíveis e reagentes por falta de divisas para compras no exterior.

Alcoolismo em São Tomé e Príncipe é um problema de saúde cada vez maior
please wait

No media source currently available

0:00 0:03:29 0:00

A greve por tempo indeterminado iniciada nesta quinta-feira, 23, segundo a presidente do SIMED, tem uma adesão de 100 por cento.

“E a garantia do serviço mínimo, é como quem diz, porque não temos medicamentos para garantir o serviço mínimo”, alertou Benvinda Vera Cruz.

Por seu lado, o primeiro-ministro questionou a legalidade da greve por alegada falta de cumprimento de alguns requisitos, mas reconhece que existem problemas que precisam de solução urgente.

“Nós temos que melhorar com urgência a questão de abastecimentos de medicamentos e consumíveis. Há também problemas de infraestruturas e falta de especialistas e recursos humanos que está a provocar uma grande desmotivação no setor”, disse Patrice Trovoada, lamentando o atraso do projeto de construção de um novo hospital, elaborado em 2015, mas que até agora não saiu do papel.

Refira-se que, antes da greve, o SIMED e a ministra da Saúde e Direitos da Mulher, Ângela Costa, reuniram-se, mas não houve qualquer acordo.

Fórum

XS
SM
MD
LG