A força militar do Ruanda, que auxilia as tropas moçambicanas na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, construiu uma escola, na comunidade de Namalala, em Mocimboa da Praia, que foi inaugurada esta segunda-feira, 2, e analistas políticos fazem duras críticas ao Governo, porque isso hipoteca a soberania nacional.
A escola, que terá 500 alunos do ensino primário, foi inaugurada pelo comandante da força ruandesa em Cabo Delgado, Alex Kagame, que inseriu a sua construção no âmbito das acções filantrópicas do seu exército.
O governador da província de Cabo Delgado, Valigy Tauabo, enalteceu a iniciativa ruandesa, afirmando que ajuda a resolver o problema da falta de escolas na província, em parte por causa de ações terroristas.
Culpados
“Isso é hipotecar a soberania moçambicana’’, considera o político da Renamo André Magibire, que considera que construir uma escola “é uma ação positiva, só que depois de construída a mesma devia ser entregue às autoridades, porque Moçambique é um Estado soberano”.
Mas, acrescenta Magibire, “penso que os ruandeses não são culpados, o culpado é o próprio Governo moçambicano’’.
Já o analista político Francisco Matsinhe, afirma que a obra representa “uma forma que os ruandeses encontraram para poderem perpetuar a sua presença em Moçambique’’.
O investigador João Feijó diz também que construir escola é positivo, mas isso não resolve o conflito em Cabo Delgado, “porque são reivindicações políticas que estão ali, e neste caso, a própria comunidade internacional é a primeira a incentivar o Estado moçambicano a prolongar a solução militar’’.
Feijó realça que “os soldados estrangeiros que foram colocados no terreno estão, sobretudo a proteger as zonas de grande investimento económico, precisamente na área do gás e não estão propriamente a proteger a população’’.
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