Links de Acesso

Huíla: Crianças abandonam escola para trabalhar em minas


Foto de arquivo
Foto de arquivo

O envolvimento de crianças no garimpo ilegal de ouro, no interior da província angolana da Huíla, está a levar muitas delas a abandonar a escola.

Crianças abandonam escolas para irem para o garimpo – 2:58
please wait

No media source currently available

0:00 0:02:57 0:00

O número exacto de crianças que se entregam ao garimpo ilegal é desconhecido, mas no município de Chipindo, por exemplo, a pouco mais de 450 quilómetros a norte da província, uma escola, recentemente reabilitada, com sete salas de aula e que devia receber quase setecentos alunos nos dois períodos do dia, tem registado grande absentismo, devido à lavagem do ouro.

Para o professor Artur Lopes se a pobreza das famílias está na base da exploração ilegal de ouro, a aposta está ter um impacto contrário.

“Chipindo é uma terra muito produtiva e as famílias ao invés de estarem focados nos seus trabalhos do campo, na agricultura, elas optam pelo garimpo e isso tem trazido muita fome para as famílias, sobretudo nas zonas rurais”, disse.

O padre da missão católica de Sangueve, Benedito Kapiñgala, reconhece que há desafios a vencer para mitigar o sofrimento das populações, trazer emprego à juventude e melhorar as condições de vida das comunidades, algo que pode passar pela criação de cooperativas nas zonas de exploração.

O sacerdote católico rejeita a ideia de que o garimpo do ouro, que ameaça comprometer o futuro de centenas de crianças, seja solução para os problemas.

“Na verdade toda a população vai de um canto ao outro, não é que tem ouro, tem miséria! Não tem nada. O inimigo a abater - passe o termo - é o garimpo ilegal e o legal, também deviam-nos dizer quanto é que já tiraram e quanto nos beneficia”, afirmou o sacerdote.

Na Huíla há três empresas exploram o ouro nos municípios do Chipindo e Jamba.

Contactadas pela Voz da América, a Rede Crianças da Huíla e a organização Criança Feliz, que trabalham na promoção e defesa dos direitos da criança, evitaram tecer qualquer comentário sobre o assunto.

Chipindo, Jamba e Cuvango são os municípios onde vários caminhos de cidadãos convergem na luta pela sobrevivência, atravées da prática do garimpo ilegal, com os riscos associados.

O administrador municipal de Chipindo, Ângelo Singue, sabe que o desemprego na região, agora a braços com o garimpo ilegal, é um dos desafios a enfrentar.

É preciso“estreitar parcerias com os investidores instalados no município e atrair outros dos vários sectores no sentido de massificarmos os postos de emprego para a nossa juventude”, disse.

No município do Cuvango uma pessoa morreu recentemente soterrada e outras quatro acabaram feridas quando tentavam explorar recursos minerais na localidade da Mumba, em consequência dos riscos associados à exploração ilegal.

A Voz da América tentou sem sucesso ouvir o governo local.

Fórum

XS
SM
MD
LG