A província da Zambézia, no centro de Moçambique, vai testemunhar, a 9 de outubro, uma disputa eleitoral bastante interessante, com Manuel de Araújo e Pio Matos, ambos com muita popularidade e enorme capital político, a concorrerem para o cargo de governador.
Tanto para um como para outro, a expetativa em torno destas eleições é bastante elevada.
Para Pio Matos, atual governador provincial, pela Frelimo, esta eleição representa um grande desafio e a sua expetativa é ultrapassá-lo, "e nós temos estado a trabalhar com a população, porque queremos que a nossa confiança seja cada vez mais relevante e mais visível; achamos que estamos bem".
Manuel de Araújo, que assume neste momento o cargo de presidente do Conselho Municipal da cidade de Quelimane, foi indicado pela Renamo para concorrer a governador da província, também tem a expetativa de vencer a eleição, e diz que o seu maior adversário "é a fraude, que é feita pelo partido Frelimo, pelos tribunais, pela Comissão Nacional de Eleições, pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, pela polícia e por algumas estações de rádio e televisão privados".
O analista político Luís Nhachote considera que na Zambézia vai ganhar quem conta os votos, que, na sua opinião, é aquele que está no poder, o partido Frelimo, sublinhando que Manuel de Araujo concorreu nas eleições de 2019, "e provavelmente tenha sido o único candidato da Renamo que tenha estado próximo do poder a nível provincial, e que não conseguiu porque não tinha pessoas suficientes para fiscalizar a contagem de votos ao longo da extensão da província".
Contudo, o porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, Feliz Silvia, diz que as vitórias do seu partido em processos eleitorais são fruto do trabalho que tem estado desenvolver em prol do desenvolvimento do país.
Para o analista político Sande Carmona, é interessante que os moçambicanos estejam a despertar para a necessidade de o país ter uma democracia efetiva, apostando em candidatos com capital político e carisma na sociedade.
"Estas eleições vão ser bastante renhidas num jogo democrático apreciável, e espero que não haja aspetos que possam manchar os esforços do povo moçambicano, que é o fato de as eleições serem marcadas por fraudes e atos de violência’’, alerta.
Refira-se que na Zambézia o Movimento Democrático de Moçambique escolheu Bruno Dramugy, figura também com grande capital político, como o seu cabeça de lista para governador provincial.
O também analista político Paul Fauvet diz que foi opção estratégica errada o fato de a Frelimo ter apostado em Pio Matos, "que não conseguiu ser eleito na primeira eleição interna do partido, tendo sido eleito na segunda em que era o único candidato para mim uma eleição com apenas um candidato é uma farsa".
Entretanto, o comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, reagindo a acusações de que a corporação tem estado a favorecer a Frelimo em processos eleitorais, disse que as mesmas não têm qualquer fundamento.
Fórum