Os ataques protagonizados por insurgentes ligados ao autodenominado Estado Islâmico na província moçambicana de Cabo Delgado nas últimas três semanas obrigaram 54.415 mil pessoas a deixarem as suas casas.
Com estes novos números divulgados neste sábado, 11, pela Organização Internacional das Migrações (OIM), aumenta para mais de 150 mil o número de deslocados desde fevereiro.
Este número, no entanto, não inclui as pessoas que fugiram na sexta-feira, 10, da vila sede do distrito de Macomia, que foi atacada e esteve todo o dia sob controlo dos insurgentes.
Como a Voz da América noticiou, os insurgentes “desativaram” os dois quartéis das Forças de Defesa e Segurança (FSD) moçambicanas e da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que mantinham o cordão de segurança da vila sede distrital, antes de avançar para a destruição de habitações e infraestruturas públicas, além do saque de bens alimentares.
Moradores disseram que milhares de pessoas fugiram para o mato, embora aos números não sejam exatos, nem tenham sido confirmados por autoridades.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, e o comandante geral da Polícia confirmaram o ataque.O mais recente boletim da OIM, que cobre 17 de abril e 5 de maio, revela que no distrito de Chiùre, que tem sido alvo dos ataques mais violentos dos últimos meses, foi registado um total de 51.012 deslocados, em Ancuabe 2.959 e no distrito de Eráti mais 444.
Aumento dos números e da crise
A maioria neste período partiu do posto administrativo de Chiùre-Velho.
Ainda segundo a OIM, 33.260 dos deslocados são crianças e 12.276 mulheres.
Apesar das autoridades moçambicanas terem anunciado o regresso de milhares de pessoas às suas zonas de origem e o regressa da normalidade, os insurgentes intensificaram as suas ofensivas desde fevereiro.
No dia 5 de março, a OIM informou que entre 8 de fevereiro e 3 de março, 99.313 foram obrigados a abandonarem as suas zonas de residência.
Essa nova onda teve origem nos distritos de Chiúre e Macomia, que foram alvo de ataques pelos insurgentes.
Falta de recursos
Antes, a 22 de fevereiro, o primeiro-ministro moçambicano reconheceu que o seu Governo não tinha dinheiro suficiente para responder ao drama humanitário dos deslocados resultante do terrorismo na província de Cabo Delgado.
Numa visita a Pemba, capital da província de Cabo Delgado, no dia 7 de março, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados Filippo Grandi disse a agência conseguiu apenas 5% dos 400 milhões de dólares necessários para responder à crise de deslocados provocados pelos ataques terroristas e desastres naturais no norte de Moçambique.
O aumento de ataques coincide tanbém com o início, em abril, da retirada de contingentes que integram a missão militar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, SAMIM, nas siglas em inlgês.
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