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Cabinda: Fome "obriga" crianças a deixarem a escola para ir trabalhar


Bairro Gika, Cabinda, Angola (Foto de Arquivo)
Bairro Gika, Cabinda, Angola (Foto de Arquivo)

Administrador do município de Buco Zau, Óscar Dilo, reconhece a situação e diz que "isto deixa-nos muito preocupados”

Nos municípios de Belize e Buco Zau, na província angolana de Cabinda, crianças em idade escolar estão a trocar aulas pelo garimpo de ouro para matar a fome e mitigar a pobreza.

O professor Clemente Cuilo alerta para o fato de o garimpo de ouro estar a ser estimulado pelas próprias famílias como fonte de sobrevivência sem que as autoridades tomem medidas para desencorajar tal prática.

“Há fome e o garimpo nestes municípios está à vista de todos”, afirma Cuilo, acrescenta que a estas crianças juntam-se centenas de outras que deambulam pelas ruas da cidade sede da província de Cabinda como pedintes ou vendedores ambulantes.

Entretanto, o administrador do município de Buco Zau, Óscar Dilo, foi citado pela imprensa como tendo conhecimento da extração ilegal de ouro, nas margens do rio Luali, e do envolvimento de até crianças do sexo feminino.

“Temos estado a persuadir os encarregados de educação sobre a situação e, em jeito de profilaxia, temos advertido que os pais vão começar a ser responsabilizados”, revelou o admninistrador.

“Você vai ao longo das margens do rio encontra meninas empenhadas na exploração de ouro. Isto deixa-nos muito preocupados”, admitiu aquele funcionário do Governo.

Óscar Dilo reconheceu ainda que “quando efetuamos visitas de rotina ou mesmo de surpresa nas escolas deparamos que numa sala de 30 alunos encontramos apenas 10 ou menos porque a maior parte foi para o garimpo”.

Responsabilização

Informações disponíveis dão conta que a atividade de exploração ilícita de ouro no município em causa é financiada por cidadãos chineses que aliciam sobretudo jovens sem emprego .

O responsável da organização cívica SOS Habitat Rafael Morais atribui a fuga dos alunos para o garimpo ou venda ambulante à “pobreza generalizada” no país .

“E o Governo não pode responsabilizar as famílias” defende aquele líder cívico que questiona o destino da Reserva Estratégica Alimentar criada pelo Presidente da República em 2022 para mitigar a fome no país.

Recorde-se que, como tem noticiado a Voz da América, a fome e a pobreza tem estado a forçar muitas crianças angolanas a fugirem para a República vizinha da Namíbia.

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