O Presidente moçambicano manifestou recentemente otimismo no travar da violência armada em Cabo Delgado, dado o empenho das Forças de Defesa e Segurança no terreno, mas analistas políticos dizem que sem uma estratégia convincente vai ser difícil alcançar este desiderato.
Filipe Nyusi, que falava num encontro com os recém-eleitos autarcas da Frelimo, assumiu preocupação com as ações terroristas, mas afirmou acreditar na melhoria da situação de segurança em Cabo Delgado "porque as Forças de Sefesa e Segurança juntamente com os seus parceiros estão a fazer o seu maximo,e estamos otimistas que as coisas vão mudar’’.
Leitura diferente tem a activista Fátima Mimbire para quem "a apatia do Governo está a agravar a situação toda e pode revelar, por um lado, que o Governo esgotou toda a sua criatividade para resolver a situação de Cabo Delgado e, por outro, que o Governo não está preocupado com a situação’’.
O sociólogo e analista político João Feijó diz, por seu turno, que travar a violência armada em Cabo Delgado vai ser difícil porque não sabe se "o Governo tem uma estratégia contra a insurgência montada, ou se tem não está em condições para implementá-la".
Por seu turno, o analista político Fernando Lima é de opinião que as Forças de Defesa e sSegurança estão sem meios para um combate eficaz ao terrorismo, sobretudo para o patrulhamento da extensa costa moçambicana.
‘’São precisos muitos meios em termos de barcos, radares para a recolha de informações para se fazer um combate eficaz’’, destaca Lima.
"Terrorismo pode dividir" o país
A província de Cabo Delgado está a registar uma nova vaga de ataques jihadistas, que já provocaram várias centenas de deslocados.
Entretanto, nesta sexta-feira, 15, o Presidente molambicano alertou que "o terrorismo pode-nos dividir" o país.
"(...). Se brincarmos, nós podemos ficar sem pátria", disse Filipe Nyusi ao intervir na cerimónia de graduação na Academia de Ciências Policiais (Acipol).
Ele reiterou que o problema em Cabo Delgado passa pela união dos moçambicanos e as forças estrangeiras que apoiam o país no combate aos grupos armados em Cabo Delgado devem ser acarinhadas.
"Nós temos de estar unidos. (...) O terrorismo é uma das únicas coisas em que o mundo todo se junta para combater. A região juntou-se para combater o terrorismo. Então como é que o próprio país, que vive o próprio terrorismo, não se junta para o combater", questionou Nyusi, quem sublinhou que "nós não temos força moral para falar mal de quem vem nos ajudar".
O Chefe de Estado voltou a rejeitar o argumento de que a pobreza está na origem da guerra em Cabo Delgado, e apresentou exemplos de locais pobres que não tên terrorismo e reiterou a sua oposição ao diálogo com os insurgentes, como defenderam recentemente a Renamo e o MDM, os dois partidos no Parlamento.
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