Um agente da Policia Nacional de São Tomé e Príncipe disparou contra a perna de um jovem de 26 anos de idade, no mercado de Bôbô Fôrro na sequência de uma discussão entre ambos.
A vitima contou à Voz de América que depois de ter sido baleado o agente ofereceu-lhe boleia para o hospital e 40 dólares para não denunciar o caso.
Kelve Guadalupe é comerciante no maior mercado do país e afirma que tudo começou com uma pequena discussão entre ele e o agente que faz o patrulhamento do referido estabelecimento comercial.
“Ele deu três tiros. Um passou-me perto das costas. Até pensei que fosse aquele que me atingiu, mas depois vi que foi outro que ele apontou para a perna”, disse concluindo: “depois disso apareceram outros polícias e meteram-me no transporte até ao hospital e deram-me 1000 dobras (40 dólares) para eu fazer despesas e não dizer nada”, revelou a vitima.
Interpelado esta terça-feira, no comando geral da polícia, sobre o caso que ocorreu há 4 dias, o ministro da defesa e ordem interna, Jorge Amado, não confirma a abertura de qualquer inquérito.
“Quanto a este assunto não posso comentar, porque, como digo, acidentes são acidentes, e a policia tem dificuldades em usar armas não letais para prender as pessoas”, disse o ministro da tutela.
De salientar que desde 25 de novembro de 2022, após a tortura e morte de quatro civis no quartel das Forças Amadas, na sequência de uma alegada tentativa de golpe de estado, que as organizações de defesa dos direitos humanos das Nações Unidas têm estado atentas a São Tomé e Príncipe.
Eduardo Elba, Secretário executivo da Federação das Organizações Não Governamentais (FONG-STP), que congrega as associações de defesa dos direitos humanos em São Tomé e Príncipe, lamenta a impunidade e a inércia das autoridades perante os últimos casos de violação dos direitos humanos dos são-tomenses.
“São pessoas que representam o estado e elas não são responsabilizadas pelos actos que cometem, mesmo sendo práticas que mancham a imagem do nosso país” desabafou o líder das ONGs são-tomenses.
Por outro lado, o analista Liberato Moniz diz: "não compreendo a manutenção no cargo do ministro da Defesa e Ordem Interna perante casos de agressão graves como o deste jovem baleado no mercado e outros casos de tortura e morte como o da cidadã acusada de prática de feitiçaria e o caso dos quatro civis no quartel das forças armadas, envolvendo militares, polícias e até bombeiros”.
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