O Conselho de Segurança das Nações Unidas votou nesta sexta-feira, 22, a aprovação de uma resolução que exige que todos os envolvidos no conflito entre Israel e Hamas permitam a “prestação segura e desimpedida de assistência humanitária em grande escala”.
Após dias de atrasos adiamentos, a resolução também apela à criação de “condições para uma cessação sustentável das hostilidades”, mas não apela ao fim imediato dos combates.
Os governos da Rússia e dos Estados Unidos, que poderiam ter vetado a resolução, abstiveram-se, enquanto os demais 13 membros votaram a favor.
A Embaixadora dos EUA junto das Nações Unidas classificou a resolução como "um forte passo em frente".
“Este conselho proporcionou um vislumbre de esperança em meio a um mar de sofrimento”, disse Linda Thomas-Greenfield.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou na sequência da votação que a ofensiva de Israel é o "problema real... criando enormes obstáculos" aos envios de ajuda, ao mesmo tempo que reiterou o seu apelo a um cessar-fogo humanitário imediato.
As disputas diplomáticas na sede das Nações Unidas em Nova Iorque – que fizeram com que a votação fosse adiada várias vezes esta semana – tiveram como pano de fundo a deterioração das condições em Gaza e um número crescente de mortos.
O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, atacou os Estados Unidos, dizendo que "eles recorreram à sua tática favorita... de torcer os braços" e chamou o texto de "desdentado".
Os Emirados Árabes Unidos patrocinaram a resolução, que foi alterada em diversas áreas-chave para garantir o apoio de todos.
A embaixadora dos Emirados Árabes Unidos na ONU afirmou que o texto "responde com ações à terrível situação humanitária".
"Sabemos que este não é um texto perfeito... Nunca nos cansaremos de pedir um cessar-fogo humanitário", sublinhou Lana Zaki Nusseibeh.
Momentos depois o Governo de Israel alertou que, apesar da resolução, continuará a inspecionar a assistência humanitária à Faixa de Gaza.
“Israel continuará a inspecionar, por razões de segurança, toda a assistência humanitária a Gaza”, disse em comunicado o ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen
A resolução exige que todas as partes "permitam e facilitem a utilização de todas... rotas para e através de toda a Faixa de Gaza, incluindo passagens de fronteira... para a prestação de assistência humanitária".
O texto também recomenda a nomeação de um coordenador humanitário da ONU para supervisionar e verificar a ajuda de países terceiros a Gaza.
A resolução tem caráter jurídico vinculativo.
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