Uma pessoa morreu e seis ficaram feridas na sequência de tiros disparados pela Polícia da República de Moçambique (PRS) para reprimir uma manifestação de membros e apoiantes da Renamo na vila municipal de Angoche, na província de Nampula.
A acusação é do edil local e cabeça-de-lista daquele partido nas eleições autárquicas de 11 de outubro, Issufo Raja.
O porta-voz da Polícia, Zacarias Nacute, disse que quatro pessoas ficaram feridas e que os agentes tiveram de intervir depois dos manifestantes desobedecerem as normas.
Cinco foram detidos.
O representante da Renamo disse que os apoiantes pretendiam manifestar o seu descontentamento depois de o Conselho Constitucional (CC) ter solicitado à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a remessa de editais e atas das mesas de votação num prazo de 24 horas.
Issufo Raja acrescentou que os manifestantes queriam pressionar o órgão de gestão eleitoral a não enviar editais manipulados, mas também carregavam um caixão coberto com a bandeira da Frelimo.
Foi então que a polícia interveio.
“Nós estávamos a ir em direção ao local do comício, a polícia começou a disparar, foi quando a minha segurança mandou-me parar, mas sete pessoas foram baleadas, uma morreu, era idosa, um dos feridos foi transferido para Nampula. Não houve qualquer motivo para que a polícia disparasse, não houve qualquer agitação, queríamos manifestar como sempre fazemos”, explicou Raja.
O comando da polícia em Nampula reagiu em conferência de imprensa hoje, com o seu porta-voz a reconhecer que quatro pessoas ficaram feridas.
Zacarias Nacute confirmou o pedido de realização de manifestação, mas afirmou que os membros da Renamo desobedeceram os preceitos legais que norteiam a manifestação ao portarem objetos contundentes.
“O comandante distrital aproximou-se do delegado da Renamo para lhe chamar ao bom senso, mas em resposta arremessaram pedras e tentaram invadir o edifício onde funciona o Governo distrital e a polícia teve que intervir para repor a ordem, quatro cidadãos tiveram ferimentos no braço e dois na perna e cinco cidadãos foram detidos por desobediência às normas elementares na realização de manifestação e desestabilização da ordem e tranquilidade públicas”, afirmou Nacute.
O porta-voz pediu à população que não adira a movimentos violentos.
Face a esta situação, o pesquisador Marchal Manufredo entende que o país está diante de uma convulsão social que pode levar ao caos e, por isso, é preciso que se desbloqueie a cultura de convivência democrática política e saudável entre os moçambicanos.
“Os órgãos que podem reabilitar esta questão não é a população, são os políticos que estão na dianteira deste processo eleitoral. Se a comunidade internacional notar, neste processo, quem sofre não é aquele que está enfrente do processo, mas é à população e os políticos continuam a viver as mordomias políticas”, disse Manufredo.
A manifestação em Angoche acontece numa altura em que o país aguarda com ansiedade a decisão do Conselho Constitucional sobre os recursos que tem em mãos recursos contra os resultados que deram à Frelimo à vitória em 64 dos 65 municípios nas eleições autárquicas.
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