Cabo Verde, com dez universidades, enfrenta o desafio da sustentabilidade do ensino superior, com problemas, entre outros, de estudantes que não pagam as mensalidades a tempo e pouco investimento na investigação.
Para sair disso, gestores pedem ajuda do governo e reformas.
Sandra Pires, administradora geral da UNIPIAGET, diz que a dívida das propinas dos alunos ronda os 50 mil contos, cerca de 500 mil dólares, e isso cria algum constrangimento nas contas.
Apesar do apoio dado pelo Estado, nomeadamente com a atribuição de bolsas de estudos a estudantes de famílias pobres, a gestora sugere, por exemplo, “a revisão da legislação do ensino superior, porque a actual tem muitas exigências”.
“Por exemplo, exigem, nalgumas áreas, que tenhamos professores doutores que o país não possui. O Estado também tem que criar melhores condições de empregabilidade aos jovens para que possam fixar-se no país e ter meios de pagar os seus estudos”, disse Pires.
Por seu lado, a Universidade de Cabo Verde (UNICV), pública e maior do arquipélago, com cerca quatro mil estudantes, não avança números exatos de dívidas das propinas, mas que fala de avultadas somas.
O seu administrador geral, Paulino Monteiro, diz que esta questão cria dificuldades.
Investigação
Na sua opinião, o Estado, que atribui uma subvenção direta e associada a atribuição de bolsas de estudo, deve reforçar os mecanismos de ajuda.
Enquanto isso, o vice-reitor da Universidade Lusófona, Bartolomeu Varela, realça a importância da alocação de mais recursos públicos na investigação.
“Se não haver aposta na investigação, os países não têm como desenvolver de uma forma competitiva”, disse o académico.
A ideia da maior aposta na sustentabilidade e reforço da Investigação foi também defendida pelo Presidente da República, José Maria Neves, na abertura do Congresso Internacional da Ciência, Inovação & Desenvolvimento na Lusofonia, em Mindelo.
“Não é concebível a universidade sem investigação; não podemos conceber uma política de investigação sem investimento”, disse.
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