Na Guiné-Bissau, o novo preço do pão, que entrou em vigor no dia 24 de setembro, constitui o primeiro braço de ferro entre o Presidente da República e o Governo.
A decisão do Executivo de Geraldo Martins foi tomada depois de um acordo com a Associação Nacional dos Padeiros e o importador de farinha.
O pão baixou de 200 para 150 francos CFA (cerca de 24 centavos do dólar), enquanto o saco de 50 quilos de farinha desceu de 29.000 CFA (46 dólares), para 24.600 CFA (38 dólares).
Depois da recusa dos padeiros tradicionais em aceitar o novo preço, Umaro Sissoco Embaló reuniu-se nesta semana com dezenas deles e disse que devem voltar a vender o pão ao preço anterior, enquanto vai negociando com o Governo.
"Não pode haver escassez do pão. Quem quiser comprar o pão ao vosso preço, que o faça. E quem não quiser, não é obrigado. Mas, ninguém tem o direito de vos tocar. Mas ninguém, enquanto eu, Umaro Sissoco Embaló, sou Presidente da República", disse.
O Governo, por seu lado, não desarma e ameaça com medidas implacáveis contra os padeiros que violam a sua decisão.
O ministro do Comércio, Jamel Handem, lembrou que a decisão foi tomada na base de um acordo que envolveu a própria Associação Nacional dos Padeiros e o único importador da farinha.
"Vai ser desencadeada imediatamente uma operação de inspeção, acompanhada pelas forças de defesa e segurança com missão de averiguar e com ordem de encerramento dos estabelecimentos que não cumprem com a ordem do Governo", assegurou Handem.
Depois do encontro com o Presidente da República, o líder do grupo dos padeiros, Adulai Djaló, disse que “quem tinha falado em nome da organização e quem fez o acordo com o Governo não tinham a legitimidade” para o efeito
"Os associados já os tinham advertido para não assinarem o acordo com o Governo, porque não íamos ter lucro", lembrou Djaló.
Mas Mamadu Camara, que assinou o documento, reivindica a legitimidade de o fazer e reitera que "todos os padeiros sabem que esta questão só pode ser resolvida, através do diálogo e não por via de boicote ou greve".
Ele acrescenta que quem parar de fazer o pão ilegalmente será sujeito a uma sanção, que passa pelo encerramento do seu forno e uma multa de 100 mil francos CFA.
"Aqui, ninguém está contra ninguém. Temos só que acatar a decisão do Governo", conclui Camara.
O Governo encontra-se reunido em Conselho de Ministros e, segundo uma fonte do Executivo, "o assunto está sobre a mesa”.
Fórum