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Níger: PR de Cabo Verde contra intervenção militar, União Africana apoia


Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, na 36a. Assembleia da União Africana, Addis Abeba, 17 Fevereiro 2023
Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, na 36a. Assembleia da União Africana, Addis Abeba, 17 Fevereiro 2023

Líderes militares da CEDEAO reúnem-se amanhã em Acra

O Presidente de Cabo Verde diz não apoiar uma intervenção militar no Níger porque poder tornar a situação mais explosiva na África Ocidental e defendeu uma reflexão profunda sobre os sucessivos golpes de Estado que estão ligados às condições de vida das pessoas.

União Africana apoia decisão da CEDEAO e líderes militares da organização reúnem-se amanhã para preparar a chamada "forca de prontidão".

“Não apoio qualquer intervenção militar, não apoio a resolução desse conflito pela força, penso que devemos todos trabalhar para a restauração da ordem constitucional, mas em nenhuma circunstância através da intervenção militar ou do conflito armado neste momento”, afirmou José Maria Neves em declarações a jornalistas na ilha do Fogo nesta sexta-feria, 11, que o questionaram sobre a decisão de Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de enviar uma "força de prontidão" para repor a constitucionalidade no Níger.

Neves acrescentou que "qualquer intervenção militar neste momento iria agravar a situação e tornar a região num espaço explosivo”, e que por isso "muito dificilmente" Cabo Verde integrará uma eventual força de intervenção.

O Chefe de Estado cabo-verdiano defendeu “negociações intensas, pela via diplomática” para se resolver o conflito e disse ser este o momento para uma reflexão sobre a situação na África Ocidental, que tem dado origens a golpes de Estado.

Para José Maria Neves, as causas radicam “no fundo, com a as condições de vida das pessoas”.

“Temos de fazer tudo para que os Governos consigam responder aos anseios e às expetativas das pessoas. Temos de criar instituições inclusivas e fortes e ter transparência, accountability na gestão da coisa pública e fazer tudo para que as africanas e os africanos vivam com muito mais dignidade”, concluiu o Presidente cabo-verdiano.

Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da União Africana, Addis Abeba, 17 Fevereiro 2023
Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da União Africana, Addis Abeba, 17 Fevereiro 2023

União Africana apoia a decisão da CEDEAO

Entretanto, em Addis Abeba, o presidente da Comissão da União Africana manifestou o seu firme apoio às decisões da CEDEAO de enviar uma força para o Nível.

Moussa Faki Mahamat manifestou ainda a sua "profunda preocupação" com a "deterioração das condições de detenção" do Presidente do Níger, Mohamed Bazoum.

"Tal tratamento de um Presidente eleito democraticamente por meio de um processo eleitoral regular é inaceitável", sublinhou Mahamat, depois de a Human Rights Watch ter informado que Bazoum não tem tido contato com ninguém e está mantido na Presidência em deficientes condições.

Secretário de Estado americano Antony Blinken, Washington, DC, 9 Agosto 2023 (Photo by SAUL LOEB / AFP)
Secretário de Estado americano Antony Blinken, Washington, DC, 9 Agosto 2023 (Photo by SAUL LOEB / AFP)

EUA apoia a CEDEAO

Em Washington, o secretário de Estado americano manifestou o apoio dos Estados Unidos à CEDEAO que, segundo Antony Blinken, "está a desempenhar um papel de liderança fundamental ao tornar claro o imperativo de um regresso à ordem constitucional".

"Nós apoiamos a liderança e o trabalho da CEDEAO nesta matéria", disse Blinken em comunicado, em que sublinha "apreciar a determinação da CEDEAO em explorar todas as opções pacíficas para resolver a crise".

Depois da decisão dos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO de preparar uma força para uma possível intervenção militar no Níger, os chefes do Estado-Maior das Forças Armadas da organização reúnem-se amanhã, 12, no Gana para preparar a "força militar de reserva".

O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prometeu enviar entre 850 e 1.100 militares para força, que também deve integrar tropas da Nigéria e do Benin.

Entretanto, o Presidente da Nigéria e em exercício da CEDEAO, Bola Ahmed Tinubu, disse esperar uma resolução pacífica para a crise desencadeado com o golpe militar de 26 de Julho.

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