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Angola-China: 40 anos de uma relação com muito potencial de crescimento


Presidente angolano, João Lourenço, com Presidente chinês, Xi Jinping, durante a cimeira China/África em Pequim. 2 de Setembro 2018
Presidente angolano, João Lourenço, com Presidente chinês, Xi Jinping, durante a cimeira China/África em Pequim. 2 de Setembro 2018

Analistas económicos dizem que os empréstimos chineses não são um problema para Angola, que tem de explorar mais as relações entre os dois países

As relações bilaterais entre Angola e a China atingem agora a idade de 40 anos com as comerciais a capitalizarem, nos últimos 12, o contato entre o país africano e o gigante asiático.

Que vantagens Angola pode obter nesta relação?

O Governo diz serem inúmeras, mas analistas políticos e económicos apontam alguns desafios, quase todos do lado angolano que, segundo eles, não tem sabido tirar proveito da relação.

Angola-China: 40 anos de uma relação com muito potencial de crescimento
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Num discurso proferido recentemente, o embaixador angolano na China assegurou serem inúmeros os ganhos que tem obtido na relação longa que mantém com Pequim, como infraestruturas.

Heitor Carvalho, coordenador do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada, diz que "estas relações vão se desenvolvendo com alguns problemas, que são normais que ocorram, mas estes problemas são mais provocados pela parte angolana do que pelos chineses".

"Fomos nós que pedimos aquele volume todo de empréstimo garantido por petróleo; nós é que fomos lá pedir, depois queixamo-nos das condições destes empréstimos serem mais ou menos penalizantes", lembra Carvalho que, no entanto, reconhece haver empréstimos mais prejudiciais à economia angolana do que os chineses.

"Não sei se os empréstimos chineses são os mais penalizantes, há outros que Angola fez junto de outros países, sobretudo aqueles que obrigam a comprar a um fornecedor a um dado preço, em que não temos hipóteses de negociar, e os juros de empréstimos vão aumentando de um preço monopolista por parte do fornecedor", aponta Carvalho. "Estes são muito mais penalizantes do que os empréstimos chineses".

Por seu lado, o economista Américo Vaz acredita que Angola só tem a ganhar na relação com o gigante asiático, que critica a pressão ocidental.

"Por alguma pressão do ocidente, em particular dos EUA, têm estado a fazer aquele bullying sobre a China, porque a China é 'assado e cozido', na verdade não é nada disso, é mesmo só ciúme, cada um quer defender os seus interesses e nós
temos muito a aprender com a China", diz Vaz que, entretanto, alerta que "nós é que dormimos à sombra da bananeira e entramos no discurso do ocidente que
não passa de um discurso colonial".

"A China só traz ganhos para Angola tanto económicos, sociais e até na ciência, tecnologia e inovação", acrescenta aquele economista que também quer desmistificar a narrativa, segundo a qual a dívida de Angola para com a China pode ameaçar a soberania do país.

"Os chineses nem são o quinto em termos de dívida à África e a Angola; a China não representa nenhum perigo, nenhuma ameaça a nenhum país africano; a dívida chinesa é muito mais acessível e negociável e pode ser reduzida", continua Vaz que exorta o Governo angolano a "começar a agir de forma própria
e não ir a reboque de potências ocidentais".

As relações entre Angola e a China datam de 1983, com um forte caráter político no início, mas a partir de 2000 tiveram maior ênfase quando a China começou a fazer empréstimos bilionários a Angola, para alavancar a economia nacional.

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