"Sinal de protesto", é como o Presidente da República de Cabo Verde justifica a decisão de não participar na Cimeira Rússia-África que decorre quinta, 27, e sexta-feira, 28, em São Petersburgo.
Depois de, também hoje, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva ter dito que o seu Governo não estará presente para não participar em nenhum acto que possa indicar apoio à guerra, José Maria Neves reforçou que "Cabo Verde não participou, digamos, em sinal de protesto por esta situação difícil, porque passa a humanidade, e sobretudo, por causa dessa guerra na Ucrânia”.
Ao falar à margem de um evento religioso em Achada Lém, no muncípio de Santa Catarina, sua terra natal, Neves reforçou que a ausência da cimeira "é um sinal que Cabo Verde dá porque Cabo Verde é um país de paz, e quer que os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica, de forma negociada e que respeitamos a integridade territorial dos países".
O Chefe de Estado reiterou que a guerra "não faz sentido" e que "devemos neste momento, é criar todas as condições para que haja diálogo entre as partes e haja uma solução negociada deste conflito”, justificou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, em Achada Lém, Santa Catarina, à margem de um evento religioso.
De manhã, na cidade da Praia, antes de uma cerimónia oficial, o primeiro-ministro afirmou que, no contexto de guerra, Cabo Verde não pode indicar qualquer apoio à invasão.
“Fomos coerentes desde o primeiro momento, condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia nos fóruns próprios a nível das resoluções das Nações Unidas e continuamos com a mesma opção, de até esta guerra terminar não termos nenhuma ação que possa ser considerada como apoio à invasão”, afirmou Ullisses Correia e Silva.
Dos países africanos de língua portuguesa, apenas Cabo Verde estará ausente do evento em que participam 17 presidentes dos 54 Estados africanos.
Filipe Nyusi, de Moçambique, e Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau, marcarão presença, com Nyusi a ter um encontro com o anfitrião Vladimir Putin.
Angola envia o ministro das Relações Exteriores, Tete António, e o embaixador de São Tomé e Príncipe em Lisboa e Moscovo, António Quintas, representará o seu país.
Moscovo informou que 47 dos 54 países estarão representados da Cimeira em que o Governo russo espera assinar com os Estados africanos um “Plano de acção até 2026” e uma série de documentos bilaterais.
Num comunicado divulgado hoje, o Kremlin disse que o plano terá "abordagens coordenadas para o desenvolvimento da cooperação russo-africana".
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