As duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, devem trabalhar juntas para combater a “ameaça existencial” do aquecimento global, disse a secretária do Tesouro dos EUA neste sábado, 8, em Pequim, numa reunião com autoridades do Governo chinês e especialistas em clima.
"Como os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo e os maiores investidores em energia renovável, temos uma responsabilidade conjunta e a capacidade de liderar o caminho", afirmou Janet Yellen, para quem "o financiamento climático deve ser direccionado de forma eficiente e eficaz" para apoiar instituições já estabelecidas como o Green Climate Fund, uma entidade da ONU que apoia uma mudança de paradigma na resposta global à mudança climática.
Na sexta-feira, Yellen manteve conversas que considerou "sinceras e construtivas" com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, em Pequim.
Uma declaração do Departamento do Tesouro diz que a secretária do Tesouro “analisou a necessidade de uma competição económica saudável com a China que beneficie ambas as economias, incluindo trabalhadores e empresas americanas”.
Comunicação permanente entre as duas maiores potências mundiais
Ela também enfatizou, segundo a nota, que a comunicação permanente sobre “temas macroeconómicas e financeiras globais e o trabalho conjunto em desafios globais, incluindo o elevado endividamento em economias emergentes e de baixo rendimento e financiamento climático”.
Por seu turno, o Ministério das Relações Exteriores da China, também em comunicado, afirma que o primeiro-ministro destacou que os interesses económicos dos EUA e da China estão intimamente interligados e que o desenvolvimento da China é uma oportunidade e não um desafio para os Estados Unidos.
A nota acrescenta que que Yellen afirmou durante as negociações que os EUA “não procuram a ‘desvinculação e desconexão’ e não têm intenção de impedir o processo de modernização da China”.
“A China e os Estados Unidos devem fortalecer a coordenação e a cooperação, unir as mãos para enfrentar os desafios globais e promover o desenvolvimento comum”, reiterou a diplomacia chinesa.
A nota concluiu que "os dois lados devem fortalecer a comunicação e buscar consenso sobre temas importantes no campo económico bilateral por meio de intercâmbios sinceros, profundos e pragmáticos, de modo a injectar estabilidade e energia positiva na relação sino-americana”.
Sem novos encontros mas com pedidos de mudanças
Embora ambos os lados tenham descrito a visita de Janet Yellen em termos positivos, nenhum novo plano para mais reuniões de alto nível foi anunciado.
“A China continuará presente e será um actor importante no cenário mundial”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karin Jean Pierre, na sexta-feira, 7, acrescentando que uma competição intensa requer diplomacia intensa.
“É importante ter uma competição intensa que exige uma diplomacia intensa, é isso que vocês veem a secretária Yellen fazer, é isso que vocês veem o secretário Blinken fazer. Este é o tipo de conversa que o Presidente manteve com o Presidente Xi nas reuniões", sublinhou Pierre na conversa com jornalsitas na Casa Branca.
A secretária do Tesouro dos EUA iniciou uma visita de quatro dias a Pequim ontem com pedido de reformas de mercado na segunda maior economia do mundo, tendo alertado que os Estados Unidos e seus aliados lutarão contra o que ela chamou de "práticas económicas injustas" da China.
Ao discursar na Câmara Americana de Comércio na China, embora ela tenha notado a importância do comércio e investimento com a China, Yellen também “levantou preocupações, incluindo barreiras ao acesso ao mercado, uso pela China de ferramentas não comerciais e acções punitivas contra empresas americanas nos últimos meses”.
Um comunicado do Departamento do Tesouro divulgado na sexta-feira, 7, revelou que Yellen reafirmou que a abordagem económica dos Estados UNidos para a China, que continua focada em três objectivos principais: "Garantir interesses vitais relacionados à segurança nacional e direitos humanos, assegurar uma competição económica saudável e mutuamente benéfica, na qual a China actue de acordo com as regras internacionai e procurar uma cooperação mútua em temas globais urgentes, incluindo macroeconomia, clima e dívida global”.
A visita da secretária de Estado americana que termina no domingo, 9, segue-se a outra realizada pelo secretário de Estado, Antony Blinken, no mês passado.
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