Em Cabo Verde, o cidadão Adelino Tavares Moreira entrou nesta segunda-feira, 3, no sexto dia de uma greve de fome, em protesto contra o que considera ser perseguição política por ser simpatizante de uma força política da oposição.
Ele disse à Voz da América que a chefe do Departamento do Património da Assembleia Nacional determinou que ele passasse a desempenhar funções para as quais ele não está preparado e sem condições para trabalhar, numa clara violação dos seus direitos.
A assessoria da Administração do Parlamento informou à Voz da América que vai emitir um comunicado nesta segunda-feira com os devidos esclarecimentos sobre este assunto.
Moreira afirmou que trabalha há cerca de 17 anos na Assembleia Nacional, como arquivista, mas ultimamente, sem razões plausíveis, tem vivido autêntico calvário.
Em face disso, ele resolveu entrar em greve de fome para denunciar a situação e ver repostos os seus direitos enquanto trabalhador.
"Neste momento não temo mais pela minha vida… o mundo fora tem que saber como funcionam as instituições do Estado em Cabo Verde e como os funcionários são perseguidos devido a questões políticas…. todos nós temos a nossa cor, mas dentro da Assembleia Nacional há perseguição enorme contra as pessoas que eles sabem que pertencem ao partido da oposição, que é o PAICV, fazem tudo para que a pessoa desanime e abandone o serviço", afirmou Adelino Tavares Moreira.
Depois de vários anos como arquivista, ele disse que foi colocado para trabalhar como jardineiro e depois canalizador, áreas nas quais não possui formação.
Moreira acrescentou que a chefe do Departamento do Património ainda mandou cortar nove dias do seu ordenado "sem a instauração de qualquer processo disciplinar como manda a lei".
Ele promete "endurecer a luta", deixando mesmo de beber líquido a partir de hoje, dia que a Administração do Parlamento promete pronunciar-se sobre o assunto.
Presidente do PAICV apela ao "sentido humano"
Entretanto, o presidente do PAICV publicou uma nota na sua página pessoal no Facebook, que classifica a situação "mais de dimensão humana que jurídica.
"Não conseguindo demover o funcionário da ideia da greve, obtive da parte dele a disponibilidade para conversar com os responsáveis da Administração da Assembleia e, deste facto, dei a conhecer a quem de direito", escreveu Rui Semedo que acrescentou estranhar "que, desde a sexta-feira, ninguém da Administração tenha movido uma única palha".
O líder da oposição fez um apelo "ao sentido humano porque o pior pode acontecer e, a acontecer, carregaremos na nossa consciência o peso da consequência de não termos agido a tempo".
Por seu lado, o líder parlamentar do MpD, partido no poder, Paulo Veiga disse à Voz da América que," apesar de não conhecer os motivos por de rás deste protesto, trata-se de uma situação que preocupa e deve ser resolvida".
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