O secretário de Estado americano disse neste domingo, 25, que a breve rebelião do líder mercenário Yevgeny Prigozhin contra a liderança militar da Rússia mostra "fendas muito sérias" no regime de duas décadas do Presidente Vladimir Putin e "questiona a própria premissa" da sua guerra contra a Ucrânia.
Em declarações à cadeia televisiva ABC neste domingo, 25, sobre a rebelião que levou tropas do grupo Wagner a até 200 quilómetros de Moscovo, antes de recuarem depois de um acordo mediado pelo Presidente da Bielorrússia, Antony Blinken acrescentou que não "acha que vimos o acto final" da rebelião.
Para Blinken, a guerra “foi uma falha estratégica devastadora para Putin em praticamente todas as frentes - económica, militar e geopolítica”.
"Se se colocar isto em contexto, há 16 meses, Putin estava às portas de Kyiv, na Ucrânia, a tentar tomar a cidade numa questão de dias, apagar o país do mapa. Agora, ele teve de defender Moscovo, a capital da Rússia, contra um mercenário que ele mesmo criou", sustentou o chefe da diplomacia americana, admitindo que “vemos fissuras a surgir".
Blinken considerou que “muito do que está abaixo da superfície agora veio à tona novamente em termos de questionar a premissa da guerra, em termos de questionar a condução da guerra, em termos de questionar o que isso realmente trouxe de bom para a Rússia".
A rebelião e o acordo, segundo o secretário de Estado “ainda é uma imagem em movimento".
"Não quero especular sobre isso. Mas acho que ainda não vimos o acto final."
Biden não ligou a Putin
Questionado sobre o que pode acontecer com o líder mercenário, Yevgeny Prigozhinna, na Bielorrússia, além da amnistia, Blinken respondeu que “simplesmente não sabemos”.
O chefe da diplomacia americana afirmou no programa "This Week" que o Presidente Joe Biden conversou com líderes aliados a partir de Camp David, nos arredores de Washington, e com autoridades de segurança nacional, mas não ligou para o Presidente Putin.
Ela acrescentou que o “desafio directo à autoridade de Putin” mostrou que a guerra de Moscovo na Ucrânia “foi realizada sob falsos pretextos, que a NATO era uma ameaça à Rússia”.
Numa mensagem à nação, horas depois das ameaças do líder mercenário, o Presidente Putin chamou Prigozhin, um aliado de longa data cujas tropas lutam ao lado das forças russas na Ucrânia e que tem sido enviadas com apoio da Rússia à Síria e a vários países africanos, de traidor por se voltar contra o seu regime autoritário.
Mais tarde, Putin disse que Prigozhin não seria perseguido criminalmente e permitiu que ele fosse para a vizinha Bielorrússia, aliada de Moscovo, à luz de um acordo negociado pelo Presidente Alexander Lukashenko.
Por agora, desconhece-se se o líder do grupo Wagner seguiu para a Bielorrússia e se levou tropas com ele.
Ontem, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que o acordo também garante que os combatentes de Wagner não serão alvo de processo criminal ou militar.
“Sempre respeitamos seus feitos heróicos na frente”, afirmou ele, acrescentando que Moscovo agradeceu a Lukashenko pelo seu papel na solução da crise.
Aos combatentes que não participaram da rebelião, Peskov adiantou que seriam oferecidos contratos com o Ministério da Defesa, que tem procurado colocar todas as forças voluntárias autónomas sob seu controlo até o dia de Julho.
Recorde-se que muitos membros do Grupo Wagner são criminosos condenados que Prigozhin atraiu para a frente de guerra para lutar por seis meses em troca da libertação se sobrevivessem à guerra.
Eles foram mal treinados e milhares deles morreram nas primeiras semanas ao serem colocados nas linhas da frente, entr eles alguns cidadãos africanos detidos nas prisões russas.
Fórum