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Sudão: apelos ao diálogo entre generais rivais em luta pelo poder


Rivalidades entre generais provocam luta pelo poder
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Rivalidades entre generais provocam luta pelo poder

A capital do Sudão, Cartum, viveu um terceiro dia de combates entre duas facções do regime militar. Há mais de 100 mortos a lamentar e apelos a um cessar fogo que não parecem ser ouvidos. O conflito agrava a crise humanitária

Por toda a capital, e arredores, ouviram-se tiros e sinais de conflito.

O quartel-general das forças armadas, o aeroporto internacional de Cartum e as áreas em redor do palácio presidencial são os principais campos de batalha entre os militares, leais ao General Abdel Fattah al-Burhan, líder da junta que governa o país desde o golpe de 2021, e as Forças de Apoio Rápido, leais ao General Mohamed Hamdan, o número dois daquela junta.

Os tiroteios afectaram o fornecimento de energia e água na capital, tornando a vida mais difícil para os feridos, com necessidades de higiene maiores, e as pessoas retidas em casa devido aos combates

A situação parecia relativamente calma, ao fim da tarde de segunda-feira, no bairro de Al-Kalakla, a sul de Cartum, e as pessoas aventuraram-se a sair à procura bens de primeira necessidade.

Wisal Mohammed, uma mãe de três filhos, diz que segunda-feira foi a primeira vez em três dias que conseguiu sair e comprar comida para os filhos.

“Estamos encurralados, sem electricidade e água, e não podemos sair se houver uma emergência”, disse à VOA.

Os combates começaram no sábado de manhã, e desde então morreram mais de 100 pessoas e muitas outras ficaram feridas, segundo informações fornecidas pelos médicos.

Fumo saindo da pista do aeroporto internacional de Cartum (17 Abril 2023)
Fumo saindo da pista do aeroporto internacional de Cartum (17 Abril 2023)

Hamid Babikir vende legumes numa estrada a sul de Cartum, disse à VOA que não se pode reabastecer no mercado devido

“As estradas estão bloqueadas e não podemos arriscar-nos a ir comprar mais vegetais. Estou a vender hoje o que sobrou de ontem,” disse à VOA. Além disso “toda a gente se queixa do aumento dos preços devido à falta de combustível”.

A lei e a ordem também foram afectadas. Al Muiz Hassan, merceeiro no bairro de Abu Adam a sul de Khartoum, diz-se preocupado com o roubo e só abriu parcialmente a sua loja como precaução.

Hassan pede aos militares que pensem no povo. "Os combates afectaram todas as lojas, não só a minha. Eu não tenho medo de nada... apenas de perder a vida. Os que estão a lutar são todos sudaneses e estão apenas a obedecer a ordens. Esperemos que Deus mude os seus corações".

Os militares disseram, segunda-feira, que restauraram o controle da televisão e rádio estatais que na véspera tinham sido tomadas pelos revoltosos da Força de Apoio Rápido.

A Autoridade Inter-Governamental para o Desenvolvimento da África Oriental, pediu aos presidentes Sudão do Sul, Quénia e Djibuti para tentarem mediar um cessar-fogo.

Apelos à cessação das hostilidades

Secretário-geral da ONU, António Guterres , discursando no Conselho de Segurança sobre o Sudão (arquivo)
Secretário-geral da ONU, António Guterres , discursando no Conselho de Segurança sobre o Sudão (arquivo)

Entretanto, o secretário-geral da ONU, António Guterres lançou apelo aos líderes das Forças Armadas Sudanesas e das Forças de Apoio Rápido para cessarem imediatamente as hostilidades, restaurarem a calma e iniciarem um diálogo para resolver a crise.

Em comunicado, Guterres condenou a eclosão dos combates, afirmando que a situação já provocou horrendas perdas de vidas humanas, incluindo muitos civis, e advertiu que qualquer nova escalada poderia ser devastadora para o país e para a região. Condenou igualmente as mortes e ferimentos de civis e de trabalhadores humanitários e a localização e pilhagem de instalações. Recordou a todas as partes a necessidade de respeitar o direito internacional, incluindo a garantia da segurança e protecção de todo o pessoal das Nações Unidas e pessoal associado, bem como dos trabalhadores humanitários.

A Grã-Bretanha e os Estados Unidos pediram na segunda-feira uma "cessação imediata" da violência no Sudão.

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