A casa do Secretário-Geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES) foi vandalizada na segunda-feira, 10, por pessoas desconhecidas, que quebraram o vidro de um dos quartos e enviaram uma mensagem para a filha dele dizendo que da próxima vez vão matar.
Eduardo Peres Alberto contou à Voz da América nesta terça-feira, 11, que a acção, que ele considera criminosa, visa semear o medo e obrigá-lo a desistir da greve que já vai no seu segundo mês.
"Não levaram nada, eles partiram a janela, e por sorte que é de dia, estavam lá filhos na sala, correram, e o que comprova que é um acto criminoso é a mensagem dos criminosos de terem enviado uma mensagem de ameaça afirmando que viram o susto pela próxima vamos matar", contou o sindicalista e professor que entregou à polícia "todos os dados, os contactos das mensagens".
Peres Alberto, que já apresentou três queixas às autoridades, acrescentou que "a polícia continua a dizer que o SIC está a trabalhar, mas a situação, cada dia que passa agudiza-se".
O sindicalista revela a sua enorme preocupação com e apelo "à comunidade internacional e ao Governo para responsabilizar a polícia e apresentar os criminosos”.
Silêncio das autoridades e greve mantém-se
A Voz da América contactou o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente Nestor Goubel, quem prometeu pronunciar-se a qualquer momento.
O secretário-geral do SINPES reiterou que o levantamento da greve depende da boa-fé do Executivo e que está em aberto para negociações.
A paralisação que começou a 27 de Fevereiro por tempo indeterminado surge, segundo o sindicato, em consequência do “incumprimento” do memorando de entendimento assinado em Novembro de 2021, que exigia, por exemplo, um salário equivalente a 2.000 dólares para o professor assistente estagiário e de 5.000 dólares para o professor catedrático, propostas salariais do Sinpes para contrapor os actuais “salários medíocres”.
A “inconclusão” do pagamento da dívida pública para com cerca de 3.000 funcionários do ensino superior, entre docentes e administrativos, que até 2018 estava avaliada em 2,3 biliões de kwanzas (3,5 milhões de dólares) também consta das reivindicações do SINPES.
O Ministério do Ensino Superior refere que o memorando de entendimento “estabeleceu prazos para se concluir as acções que estavam em curso”, à do caderno reivindicativo, e observa que a declaração da greve do Sinpes “prejudica a concretização do calendário académico”.
Não depende do Ministério
Numa declaração em Lubango no dia que começou a greve, secretário de Estado do Ensino Superior disse que "não se pode falar em falhanço, este é um processo negocial complexo que envolve matérias muito delicadas, muito complexas, cuja resolução não depende apenas do Ministério da Educação Superior, Tecnologia e Inovação".
Eugénio Silva afirmou, na ocasião, que "está o Executivo envolvido, há outros ministérios envolvidos, portanto este processo precisa ser encarado com muita seriedade, muita ponderação, mas também considerando os recursos e as condições que o país pode oferecer para que possam ser sstisfeitas as reivindicações, não apenas do Sindicato do Ensino Superior".
O SINPES pediu uma audiência com o Presidente da República e a intervenção das igrejas, em especial a Conferência Episcopal Angola e São Tomé (CEAST).
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