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Protestos em Angola continuam a ser impedidos, como indicaram recentemente organizações de defesa dos direitos humanos


Manifestação contra brutalidade policial em Luanda, Angola
Manifestação contra brutalidade policial em Luanda, Angola

Mais duas marchas foram reprimidas no sábado

O relatório da organização não governamental Freedom House lançado na semana passadsa, mantém Angola no grupo de países não livres, o único dos de língua portuguesa e dá 30 pontos numa escala em que 100 é para os países mais livres.

Antes, a Human Rights Watch, no seu relatório sobre os direitos humanos, apresentado recentando, citou a denúncia de presos políticos e destracou que, apesar do discurso, as autoridades continuam a reprimir protestos pacíficos.

No sábado, duas manifestações foram impedidas pelas forças de segurança, que detiveram alguns activistas.

Geraldo Dala, um dos activistas e organizador da marcha prevista para o passado sábado em Luanda e que foi impedida pela política, diz existir em Angola um formalismo jurídico que autoriza legalmente a realização de protestos e que na prática não é a mesma coisa.

“Angola não é um país democrático na prática, existe um formalismo jurídico e que não tem aplicabilidade prática, a Constituição e as demais leis salvaguardam o direito de reunião e de manifestação, mas infelizmente quer o Governo quer a polícia reprimem as manifestações que têm vindo a ocorrer e principalmente organizadas por activistas ou membros da sociedade civil, por isso nós entendemos ser um ataque ao Estado democrático e de direito”, acrescentou Dala.

O silêncio do Presidente da República

A mesma opinião tem o jurista Salvador Freire quem entende haver um contra-senso entre o direito legalmente imposto e as acções de repressão aos manifestantes.

“Há uma contradição naquilo que a própria Constituição institui para o direito a manifestação, e a acção praticada pelos agentes públicos, o que acontece é que a polícia não respeita a própria Constituição e isso dá aso para que eles ajam de forma bruta porque não há quem chame atenção”, afirmou Freire.

Ante estas situações, para aquele jurista a não exoneração do ministro do Interior demonstra a conivência entre os mandantes e o Presidente da República.

“Falta de facto a intervenção do Presidente da República, como o mais alto mandatário da nação, para que ponha ordem a essa situação, porque há aqui um consentimento tácito porque se for num pais civilizado pode haver demissão,mas aqui não há ninguém que os chame a atenção ou que os faça cumprir a Constituição, a própria Procuradoria da República anda surda e muda”, concluiu Salvador Freire.

A VOA contactou Eugénio Laborinho, ministro do interior em Angola, que não prestou qualquer declaração.

MPLA responsabiliza manifestantes

O deputado pela bancada parlamentar do MPLA, Milonga Bernardo, entende existir em muitos casos, manifestações com carácter violento e não acredita na existência de presos políticos em Angola.

“Nós temos histórias e situações de manifestações que infelizmente desde a sua promoção e materialização tem elementos que atentam contra direitos de terceiros, e quando isso ocorre os órgãos de segurança têm de agir, eu não reconheço e não entendo que hajam aqui presos políticos”, comentou.

Numa curta mensagem o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, escreveu: “MPLA não tem qualquer poder para impedir a realização de quaisquer manifestações. O próprio MPLA quando quer realizar qualquer acto público requer a necessária autorização aos orgãos de Estado competentes e aguarda autorização, solicitando, igualmente, o apoio necessário”.

No sábado, apesar de a lei não impor que seja solicitada qualquer autorização para manifestações, marchas ou protestos, apenas a comunicação para efeitos de protecção policial, as autoridades impediram uma marcha que pretendia manifestar apoio às zungueiras (vendedeiras ambulantes), que, segundo os promotores, são perseguidas pela polícia, e uma passeata de apoio ao projecto político Prá Já-Servir Angola, liderado por Abel Chivukuvuku.

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