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Anaso diz haver falta de liderança política para mobilizar recursos para luta contra SIDA


Anaso estima que vivam mais de 300 mil pessoas seropositivas e lembra que  Angola está entre os 25 países com maior número de novas infeções por VIH entre os adolescentes e jovens no mundo

O responsável da Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDAe Grandes Endemias (Anaso) diz haver “falta de liderança política” para o país conseguir mobilizar fundos adicionais para a luta contra a SIDA e aponta défice de organização, interação e coordenação entre o Governo e organizações não governamentais.

Em declarações à VOA, António Coelho afirma que o país está a registar "uma ruptura de stock de medicamentos e limitações no acesso aos antirretrovirais" e acrescenta que a Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA e Grandes Endemias, liderada pelo Presidente da República, “não funciona”.

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“Infelizmente, não funciona e não funcionando, nós estamos a padecer de liderança política”, diz António Coelho, quem considera haver “um défice” de coordenação e de interação entre o Governo e as organizações não governamentais na luta contra as várias doenças que assolam o país.

Aquele responsável fez saber que a transformação em centro de Investigação e Pesquisa do Hospital Sagrada Esperança, em Luanda, deixou o país sem uma instituição de referência para o tratamento de pessoas com VIH em Angola e que os hospitais para onde estes serviços foram descentralizados não oferecem as condições que se exigem.

“Temos que concluir que a maior parte dessas unidades, pelo país, não têm condições para receber e tratar pessoas com VIH porque têm os serviços limitados”, afirma.

Para António Coelho, a maior parte dos doadores internacionais está a abandonar o país “pelo facto de Angola ter passado para um país de nível médio alto”.

O líder da Anaso diz que esta nova realidade faz com que o país viva unicamente das contribuições domésticas com destaque para o “ínfimo e bastante limitado” Orçamento Geral do Estado.

Na sua mensagem de fim de ano, aquela organização revelou que "voltamos a registar um aumento de casos de transmissão dolosa e das práticas de estigma e discriminação associadas ao VIH que estão a afastar as pessoas vivendo com a doença na luta contra a epidemia em Angola".

Redução de actividades e falta de apoios

A organização precisou também que não se conseguiu resgatar os diferentes serviços comunitários de VIH que foram encerrados na altura da Covid-19 e que registou o encerramento de serviços de organizações comunitárias por falta de fundos.

Em 2022, "houve uma grande redução das atividades comunitárias de VIH/Sida que podem comprometer os esforços do país para que possamos acabar com a sida com um problema de saúde pública até 2030", acrescentou.

A ONG defende que o aumento de infecções por VIH e de mortes relacionadas com a SIDA justificam a realização de mais acções e a disponibilidade de mais fundos.

Entretanto, o director do gabinete provincial de Saúde de Luanda, Manuel Varela disse , à VOA, que o apoio à Anaso, por parte da instituição que dirige, não tem faltado “em termos de mobilização e recursos humanos e sempre que há eventos ou formações”.

“Em termos de materiais e medicamentos para esta franja de utentes dependemos do Ministério da Saúde por via do financiamento do Banco Mundial”, revelou.

A Anaso estima que vivam no país mais de 300 mil pessoas seropositivas e lembra que Angola está entre os 25 países com maior número de novas infeções por VIH entre os adolescentes e jovens no mundo.

Pelo menos 16 mil pessoas morrem anualmente em Angola vítimas do VIH/SIDA, como apontou a Anaso em outubro de 2022.

Cada dia, referiu, "cerca de 20 novas infeções por VIH ocorrem entre os adolescentes e jovens dos 15 aos 24 anos em Angola".

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