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Forças da paz quenianas chegam ao volátil leste da RDC


Tropas de manutenção de paz quenianas chegam a Goma, RDC. 12 de novembro 2022
Tropas de manutenção de paz quenianas chegam a Goma, RDC. 12 de novembro 2022

João Lourenço visitou Kigali e Kinshasa para encontros com os seus homólogos e mediar o conflito

Soldados quenianos chegaram à cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDC), no sábado, 12 de novembro, como parte de uma operação militar regional que visa os rebeldes na região devastada pelo conflito.

A sua chegada ocorre quando a milícia M23 atravessou a província do Kivu Norte da RDC, capturando faixas de território e inflamando tensões na África Central.

Os líderes do bloco de sete nações da Comunidade da África Oriental (EAC), no qual o Quénia é o peso pesado regional, concordaram em abril em estabelecer uma força conjunta para ajudar a restaurar a segurança na RDC rica em minerais.

Esta semana, o parlamento do Quénia aprovou o envio de pouco mais de 900 militares para a RDC como parte da força militar conjunta da EAC.

Tropas de manutenção de paz quenianas chegam a Goma, RDC. 12 de novembro 2022
Tropas de manutenção de paz quenianas chegam a Goma, RDC. 12 de novembro 2022

Dois aviões transportando cerca de 100 tropas quenianas aterraram no aeroporto de Goma no sábado, de acordo com os repórteres da AFP presentes, onde foram recebidos por dignitários locais.

O tenente-coronel queniano Dennis Obiero disse aos jornalistas que a sua missão é "conduzir operações ofensivas" ao lado das forças congolesas, e ajudar a desarmar as milícias.

"A insegurança é algo que quebra o tecido social", acrescentou, explicando que o contingente queniano também trabalharia ao lado de agências humanitárias numa tentativa de trazer estabilidade ao leste da RDC.

Tropas de manutenção de paz quenianas chegam a Goma, RDC. 12 de novembro 2022
Tropas de manutenção de paz quenianas chegam a Goma, RDC. 12 de novembro 2022

Rebeldes ressurgentes

Mais de 120 grupos armados estão activos em todo o leste do Congo, muitos dos quais são um legado das guerras regionais que se desencadearam na viragem do século.

Na sexta-feira, em Rugari, no Kivu do Norte, prosseguiam os fortes combates entre o exército e o M23, e a electricidade foi cortada em Goma, um importante centro comercial de cerca de um milhão de pessoas.

O M23, um grupo tutsi maioritariamente congolês, deu o primeiro salto para a proeminência em 2012, capturando brevemente Goma antes de ser expulso.

Mas depois de permanecerem adormecidos durante anos, os rebeldes voltaram a pegar em armas no final de 2021, alegando que a RDC não tinha honrado uma promessa de os integrar no exército, entre outras queixas.

Em Junho, o M23 capturou a cidade estratégica de Bunagana, na fronteira com o Uganda.

Nas últimas semanas, os rebeldes ganharam uma série de vitórias contra o exército congolês no Kivu do Norte, aumentando dramaticamente o território sob o seu controlo.

A agência humanitária das Nações Unidas OCHA estima que os recentes combates no Kivu do Norte tenham desalojado 188.000 pessoas.

O ressurgimento do M23 tem criado fissuras nas relações entre a RDC e o seu vizinho mais pequeno Ruanda, que Kinshasa acusa de apoiar o M23.

Esforços diplomáticos

Kinshasa expulsou o embaixador do Ruanda no final do mês passado, por exemplo, ao mesmo tempo que retirava o seu enviado de Kigali.

Em paralelo com a operação militar da EAC, estão em curso esforços diplomáticos para reduzir as tensões no leste da RDC.

O Presidente angolano João Lourenço visitou o Ruanda na sexta-feira, e encontrou-se com o Presidente congolês Felix Tshisekedi na RDC no sábado.

"Estamos todos preocupados com a situação no leste da RDC", disse hoje o ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, Tete António, aos repórteres em Kinshasa, após o encontro dos Presidentes.

O antigo Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, é também esperado na capital da RDC para conversações no domingo.

Os líderes da Comunidade dos sete países da África Oriental decidiram criar uma força militar regional para restaurar a paz na RDC em Junho.

A força estará sob comando queniano. Mas a sua dimensão total e o seu alcance continuam a não ser claros.

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