A pobreza em Angola é mais grave do que aquilo que indicam as estatísticas oficiais, revela um estudo da Associação de Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA).
O levantamento foi feito nos municípios de Cacuso, província de Malanje, do Bailundo, província do Huambo, e da Ganda, província de Benguela.
Um estudo de casos, não representativo para o país, mas com ideias que ajudam o Governo a mudar o rumo dos acontecimentos, integrando todos os programas que desenvolve nas comunidades, como o , de transferências monetárias, e o de assistência materna e infantil.
Assim ressalta a directora da ADRA-Antena de Benguela, Cecília Kitombe, que apresenta os resultados à sociedade civil e governantes daqui a dois dias, a sete deste mês.
“Se for nestes termos, só os 25 milhões (USD 52 mil), não vamos combater a pobreza”, disse ela
“Pode ajudar a dirimir alguns problemas, mas se analisarmos as percentagens … temos 54 por cento da população pobre”, acrescentou afirmando ainda que “há províncias, segundo estudos, onde sete em cada dez pessoas estão em extrema pobreza, vemos que isso não chega”.
As autoridades têm o benefício da dúvida quando se olha para o período do estudo, em fase de pandemia, mas a ADRA salienta que os sinais da chamada pobreza multidimensional continuam à vista.
Numa reacção a dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que apontam para 54 por cento da população em pobreza, Kitombe lembra que é preciso aferir os critérios.
“Afecta sectores importantes da vida humana, como a saúde , educação, protecção social, acesso ao registo de nascimento e a própria qualidade de vida”, disse.
“Há pessoas sem acesso à água, energia, habitação condigna, temos também o outro lado da pobreza que é a falta de alimentos, muita gente disse que não tinha comida”, ressalta a directora, lembrando que “isso tudo porque vivemos seca, aqui mesmo (Benguela) o gado morreu e muitos campos não foram cultivados”.
Neste estudo, a ADRA, uma organização representada em 27 municípios de sete províncias, auscultou cidadãos com idades entre os 18 e 70 anos, ligados sobretudo ao comércio e à agricultura familiar.
Com a monitorização e apresentações a diferentes franjas sociais, espera ajudar a implementação de políticas públicas.
O MPLA, partido no poder, apresentou como eixos para o combate à pobreza acções como o apoio à produção no meio rural, reparação das vias secundárias e terciárias e reforço na oferta de equipamentos sociais.
Fórum