A indicação de mais duas mulheres para os mais importantes cargos dos órgãos de soberania do Estado angolano está a ser vista com um optimismo moderado por políticos e figuras da sociedade civil ouvidos pela VOA.
Para os próximos cinco anos, Angola terá uma mulher na presidência da Assembleia Nacional, na pessoa da antiga jornalista Carolina Cerqueira, enquanto a bióloga Esperança da Costa será investida na quinta-feira,1 5, no cargo de vice-Presidente da República.
As duas figuras femininas vão juntar-se à jurista Laurinda Cardoso, que preside o Tribunal Constitucional.
“Estamos diante de um momento que pode realmente representar alguma viragem”, considera a activista dos direitos das mulheres e da igualdade do género, Luísa Rogério.
A também jornalista diz acreditar na capacidade de diálogo das mulheres.
“O facto de termos mais duas mulheres nos três poderes poderá de alguma forma infundir alguma diferença, quanto mais não seja, para melhorar o debate político e do diálogo", sustenta Rogério.
Por sua vez, a deputada da UNITA Clarisse Kaputu considera “uma evolução na prestação feminina” a indicação de mais mulheres nos três poderes, mas afirma não ser “suficiente para se ajuizar se as mulheres estão a dar passos concretos para demonstrarem a sua valorização''.
“Somos a maioria no país, merecemos estar em lugares de decisão, mas temos que demonstrar que vale a pena apostar em nós. Termos um cargo mas estarmos dependentes de outros poderes para tomarmos decisões, isso não”, defende Clarisse Kaputu.
Rafael Morais, líder da SOS Habitat, diz esperar que as três figuras olhem para as questões sociais básicas e para a reforma da justiça do país “com maior responsabilidade”.
“Não bastam as infra-estruturas, mas é importante que elas funcionem de facto e que haja condições básicas nos hospitais e uma reforma da justiça. Duvidamos que os que hoje estão a conduzir o sistema de justiça o fazem por critério próprio ou por orientação”, afirma Morais.
Ao tomarem posse no dia 15 e no dia 16 respectivamente, Carolina Cerqueira e Esperança da Costa substituem Bornito de Sousa, vice de João Lourenço durante o mandato que termina agora, e Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó", que liderou o Parlamento durante 17 anos.