À semelhança do que se verificou no dia seguinte às eleições anteriores, também agora delegados de listas exigem subsídios aos partidos políticos pelo trabalho feito no dia 24.
Mas agora, em meio a tentativas de invasão de sedes dos partidos, retenção de listas, detenções e queixas de brutalidade policial
De 2008, ano das primeiras eleições após o conflito armado provocado por controvérsias do pleito de 1992, até à presente data, o pós-eleitoral tem sido marcado também por reclamações de delegados de listas.
Na sede da FNLA em Benguela, a VOA testemunhou um exemplo do que acontece um pouco por todo o país, e com outros partidos pressionados por jovens que estiveram nas assembleias de voto.
“Somos muitos porque são diferentes mesas, mais de 100, cada um tem a receber 15 mil kwanzas (pouco menos de 50 dólares). Chamaram a Polícia, nos tiraram da sede e nos meteram na rua. Se alguém for atropelado?”, questionou um delegado de lista que se identificou como Jamba, acrescentando que “muitos já foram batidos pela polícia”.
“Trabalhámos em más condições, sem alimentação e a dormir nas assembleia. Pior é que estamos a ser tratados sem dignidade”, salienta Maria Augusta, outra delegada de lista.
O presidente da CASA-CE, Manuel Fernanes, pediu ajuda do Governo para ultrapassar esse problema, os partidos APN e P-Jango também se deparam com situação similar, algo que, segundo o sociólogo Vitorino Roque, autor do livro “Experiências Eleitorais Africanas - Que lições para Angola”, levanta suspeições quanto aos meandros para a formação de partidos junto do Tribunal Constitucional
“Conseguem recolher assinaturas mas não o número de delegados de listas, depois procedem de forma irregular e criminosa, contratando delegados, que é uma violação ao direito eleitoral e outras leis. Isso denuncia os meandros para o reconhecimento, deviam ter militantes suficientes para delegados de lista”, indica o autor.
Vitorino Roque acrescenta que o ambiente de desconfiança não ajuda os jovens que se sentem injustiçados como delegados de listas.
“Tendo em conta o contexto, este ambiente de desconfiança em termos de instabilidade, fruto mesmo dos níveis de reclamação do maior partido na oposição, certamente que a Polícia está a agir de forma preventiva. Mas é uma prevenção muito reactiva, tendo em conta a possibilidade de incidentes, porque os resultados eleitorais muito provavelmente não satisfaçam o interesse de todas as células do país”, vinca o académico.
O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, avisou já que as forças de segurança não vão tolerarar desacatados à ordem.