A dois dias das eleições gerais em Angola, jornalistas em serviço fora da capital, Luanda, ainda correm à procura do credenciamento para a cobertura do pleito, condicionado a supostas ordens superiores na Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Antevendo limitações, profissionais de diferentes órgãos de comunicação social dizem que o cenário é adverso a uma festa da democracia que se quer inclusiva.
Descentralização de serviços foi ouvida por jornalistas no contacto com programas de Governo ao longo de um mês da campanha que termina nesta segunda-feira, 22.
Agora, é o cenário inverso, a centralização, que está a preocupar profissionais em serviço fora de Luanda, conforme Pedro Tchindele, editor da Rádio Ecclésia de Benguela.
“Já contactámos a CPE, há duas ou três semanas, e a resposta que nos foi dada é que ainda não tinham orientação superior para o credenciamento. Estamos preocupados , não temos resposta plausível, faltando dois dias”, lamenta o jornalista.
Da Huíla, a segunda praça eleitoral do país, chegam declarações de João Katombela, secretário para os assuntos jurídicos do Sindicato dos Jornalistas Angolanos.
“Isto configura um empecilho para a nossa actividade, este credenciamento não acontece a menos de dois dias, por isso ficamos todos perplexos, será que não há interesse na cobertura deste processo que é bastante questionado?”, interroga-se o sindicalista.
Por seu lado, Constantino Eduardo, jornalista do jornal O País, tem um plano B, a carteira profissional, mas nem isso dá garantias, e fala em paradoxo.
“Vou usar este documento para … enfim, tentar convencer as forças de defesa e segurança, sendo certo que será difícil, ninguém sem credenciamento deve chegar às assembleias de voto. Mas há paradoxo, nós temos o dever de informar e a população tem o direito de ser informada”, sustenta Chivela, acrescentando que “estaremos eventualmente a colocar em causa a Constituição da República, a Lei de Imprensa e a Lei Orgânica das Eleições”.
Levantamentos feitos pela VOA indicam que a realidade é semelhante em quase todas as províncias, quando observadores eleitorais vão tomando as suas posições.
Não foi possível, apesar das tentativas, obter a versão do porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, mas fonte da área de comunicação do órgão realça que houve demora dos órgãos de informação na apresentação dos seus jornalistas.