As filhas do falecido Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que se encontram a braços com a justiça do país podem regressar a Luanda para o enterro do pai com a garantia de que não serão presas.
O vice-procurador geral da República, Mota Liz, assegurou que a própria lei exclui essa possibilidade e lembrou que o antigo Chefe de Estado é também património da Nação.
"É preciso que haja consenso da família para não prejudicar aquilo que é património da Nação. O Presidente José Eduardo dos Santos, apesar de ser da família, é património da Nação e é preciso que haja bom senso da família para não prejudicar aquilo que é da Nação”, afirmou Mota Liz a jornalistas no Memorial Dr. Agostinho Neto nesta segunda-feira, 11, a quem lembrou que “nem se prendem pessoas em dias de óbito, a própria lei exclui essa possibilidade”.
O magistrado disse ainda que “a prisão não é o remédio, os seres humanos têm de conversar sempre".
A VOA sabe que o Governo, representado em Barcelona pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, general Francisco Furtado, e a família continuam a negociar sobre as exéquias de José Eduardo Santos, que o Executivo quer que aconteçam em Angola.
Nesta segunda-feira, 11, a pedido da filha Tchizé dos Santos com a autorização da justiça, médicos fizeram autópsia ao corpo do antigo Presidente, mas os resultados não estão disponíveis ainda.
A antiga deputada requisitou a autópsia porque, segundo ela, há "uma série de sinais" de que a morte do pai ocorreu em "circunstâncias suspeitas".
Ela também abriu um processo em Espanha contra a viúva do ex-Presidente, Ana Paula dos Santos, e o seu médico pessoal, João Afonso, por "tentativa de homicídio".
A queixa também inclui alegações relacionadas ao "não cumprimento do dever de cuidado, lesões resultantes de negligência grave e divulgação de segredos por pessoas próximas” ao antigo Presidente, segundo nota divulgada na sexta-feira pelos advogados.