Uma maior e melhor fiscalização é neessária para se garantir a protecção ambiental das águas territoriais angolanas, disseram ambientalistas que reagiam ao discurso do Presidente João Lourenço, de segunda-feira, 27, em Lisboa na Conferência sobre os Oceanos da ONU.
João Lourenço defendeu a necessidade de se implementar novos paradigmas de exploração sustentável dos imensos recursos que os oceanos colocam à disposição, procurando explorar de forma cada vez mais sustentável e preservar para as gerações vindouras.
Entretato, o ambientalista José Silva diz que para que o país cumpra este desiderato precisa de tomar “medidas sérias” que possam conciliar o casamento entre ondiscurso e as acções práticas.
“Um maior investimento na indústria petrolífera para controlar a sua actividade e evitar acidentes ecológicos e não avançar com a exploração do petróleo em determinadas zonas, para além da fiscalização da pesca ilegal e dos mares e ainda a gestãos dos resíduos para não serem depositados no alto mar”, afirma.
O também ambientalista Bernardo Castro considera, por seu turno, que o discurso político do Presidente de Angola é “contrário às práticas e às estratégias em matéria de governação climática do país”, lamentando a “exclusão” de associações especializadas na definição de políticas de protecção ambiental.
Explosivos e arrasto
Enquanto o Presidente angolano, João Lourenço, apresentava em Lisboaa estratégia para o combate à pesca ilegal, em Luanda, a capital, eram apresentados cinco cidadãos detidos por uso de explosivos nas capturas de peixe.
Informações disponíveis indicam que a chamada agressão aos recursos marítimos é mais visível nas localidades de Santo António e Caotinha, na província de Benguela, sede de grandes companhias de pesca chinesas com participação de angolanos.
Um agente da pesca que acompanha o desenrolar dos acontecimentos e que pediu o anonimato diz que o uso de explosivos “mata a fauna toda, a vida marítima que está ali nas pedras ou nas rochas”.
Abala tudo, é dinamite atirado lá para baixo e mata tudo, as crias, principalmente. Uns ficam atordoados e outros morrem com a denotação, isso mata a cadeia alimentar”, afirma.
O ambientalista João Buaio, que abordou igualmente o uso dos explosivos na costa angolana, considera que o controlo não é possível sem rigor na fiscalização.
“Apesar de termos essa capacidade natural, os dados estatísticos mostram que a população de espécie está a baixar, é mesmo por conta dessa pesca excessiva, do uso de explosivos”, sustenta.
Angola recebeu há três anos o primeiro navio oceanográfico de investigação marinha, mas até ao momento, segundo especialistas do sector, não se conhece a realidade em termos de biomassa das diferentes espécies.
Dados fornecidos por agentes do sector indicam que há mais de 30 anos, antes da chegada dos primeiros arrastões, oriundos da Rússia, as capturas andavam numa média de 800 mil toneladas/ano, o dobro da cifra actual.
Na capital portuguesa, o Presidente João Lourenço reforçou a necessidade de uma plataforma de cooperação para a promoção da pesca sustentável e combate à pesca ilegal, não declarada e regulamentada a nível da CPLP.
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