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Cerca de oito mil deslocados vão produzir artigos de artesanato para seu auto-sustento em Cabo Delgado


Uma deslocada a costurar, Pemba, Cabo Delgado, Moçambique
Uma deslocada a costurar, Pemba, Cabo Delgado, Moçambique

Plataforma Makobo aposta em ajudar deslocados do conflito em encontrar suas fontes de rendimento

Uma iniciativa da Plataforma Makobo, uma instituição moçambicana de responsabilidade social, vai ajudar oito mil deslocados e famílias acolhedoras em Cabo Delgado a produzir artigos de artesanato para seu auto-sustento, numa altura em que começa a falhar a assistência humanitária por falta de recursos financeiros.

O projecto apostou na competência e conhecimento tradicional dos deslocados e das famílias acolhedoras para envolver os beneficiários em atividades de artesanato e cestaria, cujos artigos serão depois vendidos numa loja na cidade de Pemba, a capital de Cabo Delgado.

“Conseguimos absorver parte dos deslocados em actividades de artesanato e cestaria. Já temos uma marca registada e brevemente vamos inaugurar uma loja na cidade de Pemba para vender os produtos produzidos por estes grupos”, afirma à VOA, Rui Santos, coordenador da Plataforma Makobo, insistindo na necessidade dos deslocados terem suas fontes de renda.

Bolsas produzidas por deslocados em Pemba, Cabo Delgado, Moçambique
Bolsas produzidas por deslocados em Pemba, Cabo Delgado, Moçambique

A Plataforma Makobo, que actua em Cabo Delgado através da iniciativa #Coração Solidário para Cabo Delgado, começou por implementar apoio alimentar e doações diversas, mas nos últimos tempos têm virado o seu foco para os meios de subsistência dos deslocados.

“Neste momento o nosso principal foco é promover que os deslocados tenham emprego, mas para eles terem acesso ao emprego é preciso resolver o problema da identificação (perdidos durante as fugas), nisto estamos integrados numa iniciativa da universidade Católica com o apoio do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) para atribuição de documentos de identificação para os deslocados”, explica Rui Santos, numa iniciativa que já alcançou mais de sete mil deslocados.

Além do artesanato e cestaria, prossegue Rui Santos, outra iniciativa envolve os deslocados na actividade de costura, para a produção de uniformes escolares, que são vendidos localmente e, desde Fevereiro de 2021, na recolha de resíduos sólidos na baia de Pemba e na periferia.

“Já temos recolhidos cerca de 400 toneladas de plásticos e estamos a transformar esse plástico em material de construção”, que será depois usado na construção de casas melhoradas para os deslocados nos bairros de reassentamento.

Cabo Delgado, novos ataques, novos deslocados
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Silva acrescenta que estas iniciativas ainda não foram expandidas para os acampamentos dos distritos de Metuge, “mas pretendemos absorver outros grupos, quer seja em Mocímboa da Praia, quando houver condições de segurança, Palma e outros distritos de Cabo Delgado”.

Várias organizações humanitárias em Cabo Delgado estão a ressentir a falta de fundos para continuar a assistência humanitária a milhares de deslocados, na mesma altura em que se assiste uma nova vaga de deslocados devido a recentes ataques de grupos rebeldes, ligados ao Estado Islâmico.

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