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Nyusi pede 275 milhões de euros para combate ao terrorismo e analistas querem transparência


Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique
Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu, na Jordânia, 275 milhões de euros à comunidade internacional para fazer face ao terrorismo em Cabo Delgado.

Em Maputo, alguns analistas políticos dizem que a quantia (um pouco mais de 300 milhōes de dólares) até pode ser modesta, tendo em conta a dimensão da segurança naquela província, mas defendem maior transparência na sua gestão.

"Pedimos para que os nossos amigos nos possam ajudar porque as operações que agora estão em curso em Cabo Delgado são muito caras são aproximadamente 275 milhões de euros por ano", disse Filipe Nyusi, no final da sua vista à Jordânia, na quinta-feira, 24.

"Então precisamos de apoios de todos aqueles que puderem, na dimensão que possam", acrescentou, sublinhando que “além do combate em curso, há outros investimentos necessários”.

Para o jornalista Fernando Lima, esta quantia é modesta, tendo em conta a dimensão da situação de segurança em Cabo Delgado e as múltiplas facetas desta guerra, nomeadamente, o esforço de guerra em si, o treinamento e a adequação das forças que devem fazer o combate à ameaça do Estado Islâmico.

Aquele analista anota, no entanto, que, para além disso, há também o esforço de auxílio, "quer aos deslocados internos, quer aos esforços de desenvolvimento da província, uma vez que muitos pesquisadores acham que uma parte da insurgência e da violência em Cabo Delgado, tem a ver com a pobreza e com a ausência de oportunidades da população de Cabo Delgado".

Contudo, a ministra moçambicana do Trabalho, Margarida Talapa, que esteve recentemente em Cabo Delgado, diz que a situação é estável "porque fomos a todos os distritos afectados, designadamente, Quissanga, Mocímboa da Praia, Nangade, Palma, Macomia e Muidumbe, bem como Mueda, para verificarmos, se realmente a situação está estável ou não, e a situação está estabilizada".

Fernando Lima discorda e diz que uma coisa é o discurso do Governo, "que tem que mostrar a sua melhor face, e a outra coisa é a situação real, e esta é de catástrofe humanitária e ainda uma situação de grande insegurança do ponto de vista militar".

Quem também não concorda com a estabilidade da situação em Cabo Delgado é o sociólogo Moisés Mabunda, quem refere que, muito recentemente, os insurgentes invadiram a Ilha Matemo, "e isso é um acto de muita coragem que encerra em si muita confiança por parte deles”.

"Não podemos assumir que a situação em Cabo Delgado está estabilizada, é preciso intensificar a identificação dos esconderijos dos terroristas, e este processo é muito custoso, porque é preciso vasculhar as matas, as grutas; isso requer uma série de meios que precisam de dinheiro", realça aquele analista político.

Por seu turno, o político Raúl Domingos afirma que tendo em conta a estabilidade defendida pelo Governo, eventualmente, o factor Ruanda entre na questão do pedido feito pelo Chefe de Estado.

Domingos acrescenta que essa estabilidade "acaba tornando-se uma contradição, e isso nos dá razão, porque nós sempre dissemos que não há almoços grátis, quando se discutia a questão do apoio do Ruanda" à luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, "isso significa que há contas a pagar relativamente a este apoio".

Para Raúl Domingos, o Executivo deve esclarecer como é que este dinheiro "vai ser distribuido e em que vai ser aplicado".

Por outro lado, Filipe Nyusi afirmou que noutro pilar da estratégia, são necessários até "290 milhões de euros, para criar capacidade real de defesa de Moçambique", com capacitação e reequipamento das tropas, por forma a que o país seja autónomo "para manter a paz", quando as forças estrangeiras saírem.

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