As senadoras democratas dos Estados Unidos Elizabeth Warren e Tina Smith pediram ao Departamento do Trabalho que recuse ao Credit Suisse Group AG uma isenção regulatória relacionada à sua gestão de fundos de reformas, em resultado de um acordo do Departamento de Justiça por suborno, lê-se numa carta a que a agência Reuters teve acesso nesta na sexta-feira, 11.
A carta de Warren, uma dos legisladoras mais influentes do Senado, e Smith aumentará o escrutínio sobre o banco suíço, que está no meio de uma reestruturação, após uma série de escândalos de alto nível.
Um dos escândalos está relacionado com o conhecido caso das dívidas ocultas de Moçambique.
As duas senadoras americanas enviaram a carta na quinta-feira, 10, a um alto funcionário do Departamento do Trabalho, levantando preocupações sobre a proposta de conceder ao Credit Suisse uma isenção de um ano como "gestor de activos profissionais qualificados" (QPAM, na sigla em Inglês).
O banco é actualmente considerado um QPAM, o que lhe dá o direito de administrar ou negociar planos de pensão dos clientes.
No entanto, de acordo com o regulamento, uma entidade financeira é impedida de manter esse estatuto se tiver sido condenada por actividade criminosa envolvendo gestão de confiança.
A isenção permitiria ao Credit Suisse continuar a sua actvidade naturalmente.
O Credit Suisse e as autoridades laborais não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.
Tem sido prática padrão os reguladores concederem às empresas isenções de restrições comerciais desencadeadas por acusações de má conduta, mediante acordo.
Entretanto, as senadoras democratas dizem que isso permite que as empresas continuem a reincidir com poucas consequências.
"Pedimos que reconsiderem e rescindam esta proposta, o que prejudicaria os esforços pde responsabilização do Credit Suisse por comportamento ilegal", escrevem as senadoras.
A carta cita uma resolução global de Outubro de 2021, segundo a qual o Credit Suisse assumiu a culpa por defraudar investidores americanos e internacionais na oferta de títulos relacionados com a dívida moçambicana.
A subsidiária europeia do Credit Suisse declarou-se culpada de fraudar investidores num empréstimo de 850 milhões de dólares americanos a Moçambique destinado a pagar uma frota de pesca de atum e está a pagar 475 milhões de dólares aos reguladores norte-americanos e britânicos para resolver o caso sob um acordo anunciado em outubro.
O Credit Suisse enfrenta problemas em várias frentes.
Por exemplo, perdeu 5,5 biliões de dólares quando a firma norte-americana Archegos Capital Management entrou em default, em Março de 2021, e foi forçado a congelar 10 biliões em fundos da cadeia de suprimentos, quando a britânica Greensill Capital entrou em colapso.
No meio deste ambiente, o presidente Antonio Horta-Osório saiu abruptamente do cargo no mês passado, após uma investigação interna sobre a sua conduta pessoal.