O Presidente angolano considerou que o regresso do antigo Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, a Angola “é bom para toda a gente, não apenas para a nossa relação, mas bom para o país, bom para o partido", sem no entanto avançar mais detalhes.
Citado pelo jornal Financial Times nesta terça-feira, 19, João Lourenço, no entanto, não revelou o teor de contactos com Santos.
Em Angola, analistas políticos consideram que o antigo Chefe de Estado não dá sinais de boas relações com Lourenço.
O jurista Albano Pedro diz que com estas palavras João Lourenço quer dizer que nunca houve nenhuma divergência entre os dois políticos, mas para ele o silêncio de José Eduardo dos Santos é preocupante.
“Não conseguimos ver José Eduardo dos Santos a exercer as suas funções, de ex-Presidente da República, porque ele é membro do Conselho da República, tem responsabilidade sociais e filantrópicas e por isso toda essa apatia do ex-Presidente desmente esta posição do actual Presidente”, aponta Pedro, para quem o facto de as autoridades terem levado à justiça uns e afastado outros pode justificar esse silêncio.
“Pode ter como dificuldade perceber como é que alguns foram levados à justiça e outros não. É provável que José Eduardo dos Santos esteja a exigir que o combate à corrupção seja mais imparcial”, acrescenta.
Para o jornalista Ilídio Manuel esta mensagem visa apenas vender a imagem de que existe uma aproximação entre os dois.
"Pode ser uma mensagem para vender aqui fora a imagem que existe alguma aproximação entre os dois, principalmente pelo cinismo da forma como foi recebido a vinda dele", sustenta aquele analista político.
José Eduardo dos Santos regressou a Luanda depois de dois anos e meio em Espanha, a 14 de Setembro.
O antigo Presidente foi recebido no aeroporto pelo Protocolo do Estado, mas sem a presença de nenhum membro do Governo ou dirigente do MPLA, do qual ele é presidente emérito.
Dois dias depois, a Presidência da República informou que João Lourenço e José Eduardo dos Santos falaram ao telefone, sem avançar detalhes.
Nem Santos, nem os seus filhos se pronunciaram sobre o regresso a Luanda.