Tudo aconteceu numa só semana: O documento de revisão constitucional proposta do Presidente da República entra para o Tribunal Constitucional, para uma fiscalização preventiva do órgão.
Ali os onze juízes deliberam sobre o mesmo, sete aprovam e quatro
consideram inconstitucional mas por serem minoria, são voto vencido, incluindo do Juiz Presidente Manuel Aragão.
Na mesma semana, o juiz presidente coloca o seu lugar a disposição, aceite pelo Presidente da República.
Manuel Aragão considera na argumentação do seu voto vencido que estariam perante "um suicídio do estado democrático de Direito".
Carlos Feijó, considerado o pai da Constituição de 2010, no mesmo dia concede uma entrevista a uma televisão angolana onde considera o acórdão do TC de inconstitucional.
As motivações a resignação do cargo de Juiz presidente do TC por parte de Manuel Aragão ainda não são conhecidas.
Aragão mantém-se em silêncio, bem como outro juiz conselheiro que também votou contra Carlos Teixeira, que também não se pronuncia mas mantém-se no Tribunal Constitucional.
Nas reacções, Nuno Dala, professor universitário e antigo integrante do grupo 15 mais duas acusado de tentar derrubar o regime na altura liderado por JES, diz que há tentativa de “desvalorizar as implicações jurídicas e políticas da resignação de Aragão, para legitimar o acórdão do TC que é em cumprimento das orientações do BP do MPLA mesmo violando os limites materiais da Constituição ainda assim fosse adiante".
"Esses últimos acontecimentos são para mim indícios de que o país corre o risco de entrar em instabilidade política o que será muito perigoso” acrescentou.
O jornalista William Tonet disse que "há violação dos limites materiais do artigo 236 da Constituição” pelo que “ou os juizes que defendem a ideologia continuam com o pé na lama, ou os juízes fartos de terem o pé no lodo se libertam da pocilga”.