O combate à corrupção em Angola iniciado após a tomada de posse do Presidente João Lourenço já levou à exoneração e investigações de diversas figuras do país.
Mais recentemente, milhões de dólares, euros e kwanzas, bem com avultados bens em imóveis e carros de luxo, foram apanhados alegadamente na posse do major Paulo Lussaty, funcionário da Casa de Segurança no que pareceu ser parte de um esquema envolvendo o desvio de dinheiro de fundos da Presidência.
Na limpeza feita por João Lourenço, com cerca de duas dezenas de exonerações, até o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente, Pedro Sebastião foi demitido.
Nesta segunda-feira, 12, ainda na operação “Caranguejo”, mais de 20 oficiais ligados à Casa de Segurança do Presidente da República na província de Cuando Cubango foram detidos.
Os procuradores continuam no Cuando Cubango onde podem existir mais detenções, segundo fontes da Procuradoria-Geral da República.
Em Luanda, questiona-se o por quê desse foco de corrupção na Presidência da República.
O analista Agostinho Sicato entende ser necessário que a responsabilização dos autores destas práticas comece do topo, uma vez que a corrupção em Angola teve sempre como fonte a Presidência da República.
“Tem de se atacar a raiz e a raiz é a Presidência da República”, sublinha.
Por seu lado, o jornalista Ilidio Manuel entende que não havendo uma sindicância independente aos serviços do Presidente, estas detenções ficaram apenas pelos majores.
“São alguns majores que aparecem como testa-de-ferro quando se sabe que existem altas figuras que estão a gozar da proteção”, aponta Manuel.
Nesse quadro, Agostinho Sicato defende a instauração de um inquérito aos serviços da Presidência da República, por parte da “Procuradoria-Geral da República”.
Ilidio Manuel realça que “a Presidência da República devia ser exemplo para o país”.
A operação “Caranguejo” começou no mês de Abril.