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Sem purificar as fileiras da polícia não será possível combater raptos em Moçambique, analistas


Elementos da Polícia de Moçambique
Elementos da Polícia de Moçambique

Autoridades reconhecem existência de esquemas corruptos

Analistas defendem que sem a purificação das fileiras policiais e da magistratura, o combate aos crimes de raptos em Moçambique vai ser uma miragem, porque há indicações muito claras de que segmentos da polícia estão envolvidos neste negócio.

Dois agentes policiais, um do Serviço de Investigação Criminal (SERNIC), e outro da Polícia da República de Moçambique (PRM) foram detidos e recentemente apresentados a jornalistas, em Maputo, por estarem envolvidos no negócio de raptos.

Para o analista Moisés Mabunda, isto significa que é necessária uma limpeza na polícia, "porque a estrutura policial está toda ela infiltrada, há pessoas de má fé e trabalham com criminosos, é toda a hierarquia".

Investigação…

Na província central de Tete "havia uma rede de agentes policiais que facilitavam a travessia da fronteira a pessoas sem passaporte ou qualquer documento de identificação," disse Mabunda.

O director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, diz por seu turno, que várias são as indicações de que segmentos da polícia estão envolvidos no negócio de raptos, sendo por isso que não se avança muito nas investigações sobre estes crimes.

Nuvunga anotou que vagas de raptos se têm sucedido em Moçambique, inicialmente vistos como "uma prática direccionada para gente bastante rica, com capacidade de pagar altos resgates", mas "com o tempo vai atingindo também segmentos de pessoas normais, que fazem o negócio para viver sem qualquer tipo de riqueza".

Indícios de esquemas

Para Adriano Nuvunga, os raptos, que na sua opinião são negócios pontuais e oportunistas, "são reflexo de uma desintegração do poder, com vários núcleos que vivem de negócios ilícitos, entre os quais os raptos".

Ele disse que "o que se passa na polícia moçambicana é um problema estrutural, porque para além dos raptos, temos também casos de agentes da Polícia de Fronteira envolvidos em esquemas de facilitação de travessia ilegal para a Africa do Sul e outros países vizinhos.

O Comandante-Geral da Polícia de Moçambique, Bernardino Rafael, reconhece que isso não é especulação, "porque há indícios de os nossos colegas se terem envolvido em esquemas de facilitação de indivíduos não legalmente autorizados para atravessar a fronteira".

"Isso levou-nos a fazer com que a própria direcção do regimento cesse as suas funções, porque não reportou essas anomalias e não fiscalizou o trabalho dos agentes policiais", enfatizou o chefe da Polícia moçambicana.

Refira-se que já este ano, 12 pessoas foram vítimas de raptos, maior parte das quais nas cidades de Maputo, Matola, Beira e Chimoio.

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