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Cabo Verde: País "literalmente enganado" com a privatização da companhia aérea, diz líder da oposição


Rui Semedo, presidente interino do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV)
Rui Semedo, presidente interino do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV)

Posição do PAICV segue-se ao anúncio do primeiro-ministro para reverter a privatização da Cabo Verde Airlines

Dois dias depois de o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, ter anunciado que o seu Governo vai iniciar um processo negocial para reverter a privatização da companhia aérea de bandeira, o presidente interino do PAICV, principal partido da oposição, criticou o processo e defendeu uma investigação ao negócio no qual “o parceiro estratégico ganha tudo e Cabo Verde perde tudo”.

Em conferência de imprensa na cidade da Praia, nesta terça-feira, 22, Rui Semedo afirmou que o país está perante um negócio, “chamado de privatização, que não nos trouxe absolutamente nada, não nos trouxe mercado, não nos trouxe capital e não nos trouxe experiência nenhuma”.

Semedo lembrou que o seu partido já tinha alertado sobre este negócio da privatização da Cabo Verde Airlines, “lesivo aos interesses do país e fê-lo de forma repetida e continuada porque sabia que tinha do seu lado a razão e a verdade”.

“A pergunta que fica no ar, é que se não é chegada a hora de as autoridades competentes investigarem, a fundo, os contornos deste negócio que tanto prejuízo já deu a Cabo Verde”, sublinhou o líder interino do PAICV, lembrando que o avião que regressou a Cabo Verde em Abril, depois de longa ausência, "não conseguiu realizar um único voo desde que chegou para testemunhar as eleições e garantir alguns votos" à reeleição do MpD.

“Hoje todos sabemos que o país foi literalmente enganado, mas já não se pode fazer mais nada porque as eleições já foram feitas, os resultados já foram proclamados e o Governo já foi investido”, arrematou Rui Semedo.

Primeiro-ministro lembra que condições mudaram

Em entrevista ao Jornal de Domingo, da Televisão de Cabo Verde, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva anunciou que o Governo vaiu encetar ainda nesta semana um processo para recuperar a privatização dos 51% do capital que está na posse, hoje, da Loftleidir Icelandic.

Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde
Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde

“Nós não estamos a perspectivar que num futuro próximo haja injecção de capital por parte do parceiro estratégico de forma a garantir a perenização e a continuidade das operações da companhia", justificou Correia e Silva, que apontou ainda o "incumprimento de alguns acordos estabelecidos em março", entre o Governo e a administração da Cabo Verde Airlines, para a retomada dos voos depois da suspensão das actividade devido à pandemia da Covid-19.

O chefe do Governo refutou a ideia de que a privatização da companhia tenha sido um fracasso e lembrou que as condições de mercado e de parceria na altura eram totalmente diferentes das actuais.

Num processo que foi muito criticado pela oposição, o Governo vendeu 51% da então TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde.

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