A antiga Presidente da Bolívia, que assumiu o poder após a queda do então Chefe de Estado Evo Morales em 2019, Jeanine Áñez foi presa na madrugada deste sábado, 13, por suposto envolvimento no afastamento de Morales.
“Informo ao povo boliviano que a senhora Jeanine Áñez já foi detida e está actualmente nas mãos da polícia”, escreveu o ministro de Governo, Carlos Eduardo del Castillo, numa rede social.
Em resposta, a ex-Presidente disse que “a perseguição política já começou".
"O MAS decidiu voltar ao estilo de ditadura. É uma pena porque a Bolívia não precisa de ditadores, precisa de liberdade e soluções", escreveu numa rede social.
O Ministério Público ordenou a prisão de Áñez e cinco dos seus ex-ministros por envolvimento na queda de Evo Morales e, segundo documentos revelados pelo jornal La Razón, as acusações incluem terrorismo, traição e conspiração.
Por agora, não há informações do Ministério Público sobre as acusações nem sobre o paradeiro de Añez.
Entretanto, o ex-Presidente Carlos Mesa, adversário do actual Presidente Luis Arce nas anteriores eleições, disse que a Bolívia está "em um processo de perseguição política pior que nas ditaduras".
"Age-se contra aqueles que defenderam a democracia e a liberdade em 2019. O poder judicial e o Ministério Público 'massistas' (apoiadores do MAS) são o martelo executor. Os autores da fraude se anistiam e fingem ser vítimas", concluiu.
Queda de Morales
Evo Morales, que foi muito criticado por mexer na Constituição para permitir concorrer pela quarta vez à Presidência em 2019, renunciou ao cargo 21 dias após as eleições, na sequência de uma onda de protestos contra eventuais fraudes eleitorais e depois de um pedido das Forças Armadas para que deixasse a Presidência.
Uma auditoria realizada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) confirmou irregularidades na eleição e concluiu que os resultados não eram confiáveis, mas disse não ter constado ocorrência de fraudes.
Estudos académicos publicados em 2020 analisaram o método utilizado pela entidade e chegaram à conclusão que as análises da organização estavam incorretas.
Depois de um Governo interino liderado por Jeanine Áñez, em 2020, o candidato do partido de Evo Morales, MAS, Luis Arce, ganhou as eleições, tendo o antigo Presidente regressado semanas depois ao país, após o asilo na Argentina.