Onze arguidos no caso de corrupção financeira “Dívidas Ocultas” tiveram, hoje, 11, liberdade condicional, em Maputo, o que analistas dizem não ser um escândalo, mas revelador de deficiências na instrução do processo.
“As pessoas que foram mandadas em liberdade são aquelas que não participaram directamente na contratação ilegal das dividas ocultas, mas se beneficiaram”, diz Borges Nhamire, investigador do Centro de Integridade Pública (CIP).
Nhamire afirma que “estando essas pessoas na cadeia desde Fevereiro de 2019, já passam mais de dois anos (...) muito provavelmente já cumpriram metade das suas penas (caso fossem condenados), pelo que não olho isto como um escândalo ou um problema, olho como evolução normal do processo”.
O jurista Egídio Plácido diz que esta decisão revela deficiências na instrução do processo.
“Esta decisão do Supremo é a mais correcta que se devia tomar neste momento. Aqui, o grande problema está na Procuradoria Geral da República (PGR), que mais uma vez está a coartar a liberdade das pessoas para depois investigar”, diz Plácido.
Na leitura deste jurista, “o que fica para todos nós é que a PGR deteve esses indivíduos com base em fofoca, porque caso contrário já deveria ter sido deduzida uma acusação contra os mesmos”.
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Continuam em prisão preventiva sete arguidos, considerados por analistas como os que engendraram o escândalo de dois mil milhões de dólares, nomeadamente Bruno Langa, Ndambi Guebuza, Gregório Leão, Ângela Leão, Cipriano Mutota, Teófilo Nhangumele e António do Rosário.