O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu "unidade" momentos depois da sua posse em Washington, nesta quarta-feira, 20 de Janeiro, num discurso em que alertou para os desafios que virão ao enfrentar múltiplas crises.
"Este é o dia da América, este é o dia da democracia. Um dia de história e esperança", disse ele nas escadas do Capitólio dos Estados Unidos.
Mas enquanto os EUA enfrentam o coronavírus mortal e profundas divisões políticas, ele advertiu que para superar esses desafios será necessário "muito mais do que palavras, será necessário o mais elusivo de todas as coisas numa democracia, a unidade".
Unidade foi a palavra mais repetida por Joe Biden no discurso no qual afirmou que "a América foi testada de novo, e a América esteve à altura do desafio”.
"Aprendemos novamente que a democracia é preciosa”, acrescentou o novo Presidente, quem lembrou “meus amigos, a democracia prevaleceu”.
Em pouco mais de 15 minutos ele enumerou as suas prioridades, como o combate à pandemia, recuperação económica, alianças internacionais, combate às mudanças climáticas e luta ao racismo sistémico, tendo destacado a eleição da sua vice-presidente Kamala Harris, mulher e filha de jamaicano e indiana.
"Não me digam que as coisas não podem mudar", sublinhou.
Joe Biden, no entanto, enfocou na unidade que, para ele, é a forma de se confrontar os movimentos extremistas no país e reiterou que a união é o único caminho possível para que os EUA possam avançar e para "restaurar a alma americana".
"Eu sei que falar de unidade pode soar para alguns como uma fantasia tola nos dias de hoje", destacou Biden, que disse saber “que as forças que nos dividem são profundas e reais, e também sei que não são novas."
Para isso, sublinhou o Presidente, "temos que nos unir para enfrentar nossos inimigos: raiva, ódio, extremismo, violência, doença, desemprego e desesperança", porque "com unidade podemos fazer grandes coisas, coisas importantes".
Em memória dos que morreram
O antigo senador e ex-vice-presidente pôs ênfase particular nos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que tirou a vida de milhares de americanos e afectou a economia.
Momento marcante foi quando pediu que todos fizessem um minuto de silêncio para orar, em homenagem aos que morreram vítimas da Covid-19.
Os Estados Unidos enfrentam "um aumento do extremismo político, da supremacia branca, do terrorismo doméstico, que devemos enfrentar e vamos derrotar", disse Biden e exortou os americanos a rejeitarem a manipulação dos factos em referência ao seu antecessor Donald Trump que durante semanas negou o resultado da eleição presidencial e popularizou o expressão "notícias falsas".
"Todas as divergências não devem levar a uma guerra total. E devemos rejeitar a cultura onde os próprios factos são manipulados e até inventados", disse o novo Presidente democrata.
"Existe a verdade e as mentiras, as mentiras faladas para o poder e para o lucro. E cada um de nós tem um dever e uma responsabilidade como cidadãos, como americanos, e especialmente como líderes (...) para defender a verdade e combater as mentiras ", acrescentou Joe Biden.
Alianças e Constituição
Embora brevemente, no seu discurso, ele prometeu o regresso dos Estados Unidos ao multilateralismo e acenou aos parceiros internacionais.
“Vamos reparar nossas alianças e nos reunir com o mundo novamente, não para enfrentar os desafios de ontem, mas os de hoje e de amanhã”, reiterou Joe Biden.
E falando em desafios, o Presidente advertiu saber que será testado.
"É tempo para ousadia, há tanto para fazer. Eu garanto-vos, nós vamos ser julgados pela forma como encaramos esta provação", afirmou Joe Biden, quem concluiu prometendo fazer o mais sagrado para os americanos.
"Eu vou defender a Constituição, a nossa democracia, América", disse.
Antes, Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris juraram fidelidade à Constituição ante o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, e da também juíza do Supremo Tribunal, Sonia Sottomayor, respectivamente.