O bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau diz que as as autoridades do país não reconhecem a liberdade de imprensa e não haverá nenhuma mudança enquanto investirem na propaganda.
“Os governantes guineenses não reconhecem a imprensa. O próprio acesso à fontes de informação é prova disto (…) Este governo que está no poder está numa mera propaganda e não há nada de concreto sobre a liberdade de imprensa”, diz António Nhaga.
O líder profissional fez o comentário no dia em que o Conselho de Segurança das Nações Unidas discute o relatório do representante do secretário-geral para África Ocidental e Sahel sobre a limitação da Liberdade de Imprensa.
Nos últimos anos, jornalistas e activistas de direitos humanos guineenses queixam-se do facto de as autoridades perseguirem os que defendem a liberdade de expressão.
O recente assalto à Rádio Capital FM, por homens de uniforme, e o espancamento de dois activistas ligados ao partido de Alternância Democrática (MADEM-G15), alegadamente, por parte de seguranças ligados à Presidência da República, são alguns exemplos apontados.
Nhaga diz que “o assalto à Rádio Capital é prova da ausência da liberdade de imprensa. Não há nenhuma dúvida que na Guiné não há liberdade de imprensa e não haverá liberdade de imprensa nos próximos anos).
A polémica tomada de posse de Umaro Sissoco Embalo, envolvendo militares, foi outro momento que limitou a liberdade dos jornalistas, diz Diamantino Lopes, secretário-geral do Sindicato do Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social.
Lopes diz que “havia muita limitação e muita pressão aos profissionais da comunicação social, porque, na altura, a forma mais adequada de designar o presidente era ‘autoproclamado’”, o que não era do agrado dos dirigentes.
“Não será fácil inverter a situação de liberdade de imprensa na Guiné-Bissau”, lamenta Nhaga. E com certo optimismo, Lopes diz que a mudança apenas será possível com “algo na direção de uma maior resistência da classe, face às pressões políticas”.