Ninguém sabe o que é que o presidente João Lourenço está a corrigir e ao contrário do que prometeu parece que está a piorar o que está bem, disse a deputada da UNITA Navita Ngolo numa alusão ao programa governamental de “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”.
Falando no programa “Angola Fala Só” a deputada do “Galo Negro” rejeitou os “floreados eleitoralistas” que, segundo disse, devem ser comparados com as realidades económicas com que os cidadãos vivem.
Se no primeiro ano de governação do presidente João Lourenço “havia o benefício da dúvida, três anos depois isso está a decair porque o que importa é os cidadãos terem alimentação, estradas, energia e água”.
“A vida do cidadão está cada vez mais triste, não há empregos, não há condições de vida melhoradas”, disse Navita Ngolo.
“O presidente disse que ia corrigir o que está mal e melhorar o que está bem mas hoje isso está tudo confuso e ninguém sabe o que está a corrigir e parece que estão a piorar o que estava bem”, acrescentou.
Ngolo rejeitou a afirmação de que o agravamento da situação económica se deve à pandemia da Covid-19 algo sobre o qual o governo não tem controlo.
“Devo lembrar que Angola sofre de crise financeira e económica desde o segundo semestre de 2014”, disse.
A deputada do “Galo Negro” afirmou que a UNITA sempre defendeu o combate à corrupção mas que o governo está a fazer isso “de forma selectiva” com as autoridades judiciais e o governo a não investigarem certos casos como aqueles referentes ao ex-vice presidente Manuel Vicente e as alegações feitas mais recentemente sobre possíveis ilegalidades cometidas por Edeltrudes Costa, chefe de gabinete do presidente.
“Se (as autoridades judiciais) fossem independentes já deveriam ter sido chamados para averiguação”, acrescentou a deputada para quem a corrupção em Angola “foi bem montada através de monopólios e oligopólios”.
“Construiu-se uma classe de corruptos como forma de dividir os recursos do país em detrimento dos angolanos”, afirmou a deputada.
Para Navita Ngolo, o repatriamento de capitais falhou porque envolve pessoas “ligadas ao presidente da república”.
“A corrupção e o MPLA não se podem desligar, andam juntos”, disse Ngolo.
Interrogada sobre a situação em Cabinda, Ngolo disse que o território “é uma zona especial que merece um tratamento político e administrativo especial”.
“É preciso compreender os anseios do povo de Cabinda, o que ele precisa e atender às suas necessidades para se evitar uma guerra prolongada”, afirmou a deputada da UNITA.
Navita Ngolo falou também sobre o rejuvenescimento da UNITA com uma nova geração a assumir posições de liderança dentro do partido.
“É um processo bem encaminhado”, disse.
“Há uma boa relação com os mais velhos no espírito de passar experiências, de trabalharmos em grupo para que o partido tenha olho na história e sustentabilidade no tempo”, acrescentou.