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Matavel foi morto “por aqueles que queriam vencer a eleição fraudulentamente”, diz o investigador Adriano Nuvunga


Anastácio Matavel
Anastácio Matavel

Analistas consideram o homicídio do observador eleitoral, Anastácio Matavel, um crime de natureza política, orientado por aqueles que queriam ganhar as eleições fraudulentamente.

Matavel foi morto “por aqueles que queriam vencer a eleição fraudulentamente”, diz o investigador Adriano Nuvunga
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No julgamento, cujas alegações finais se iniciaram esta quinta-feira, 28, no Tribunal Judicial da província de Gaza, sul de Moçambique, não será feita justiça, dizem.

Matavel foi morto a 07 de outubro, na via pública, na cidade de Xai-Xai, capital da província de Gaza, uma semana antes das eleições de 2019.

Vários analistas dizem que em Gaza houve, claramente, pessoas que não queriam que as eleições fossem transparentes e tudo fizeram para impedir o trabalho dos observadores eleitorais.

"A observação eleitoral, principalmente a observação doméstica tem estado a desempenhar um papel importante, e isso dificultou vários esquemas de fraude, pelo que era de esperar que houvesse uma reação da parte das entidades que não querem um processo eleitoral transparente", afirma Borges Nhamire, investigador do Centro de Integridade Pública.

Para o presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, Raúl Domingos, tudo foi feito no sentido de evitar que fossem descobertos, pela sociedade civil, eventuais ilícitos eleitorais, "uma vez que os partidos políticos não têm uma capacidade logística para colocar os seus observadores em todos os locais de votação.

Por seu turno, o diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) Adriano Nuvunga, diz ser bastante positivo o facto de o julgamento de Anastácio Matavel ter começado, num contexto em que há muitos processos não julgados, mas a justiça não vai ser feita, porque estão a ser julgados aqueles que executaram o crime e não os mandantes.

Nuvunga referiu que esta é uma estratégia que as pessoas poderosas estão a usar para se protegerem, porque ao afastar-se a hipótese de o Estado ter atuado como Estado, de facto, está-se a reduzir a possibilidade de se apanhar os mandantes do crime".

"Claramente, os mandantes são pessoas do Estado, os polícias apenas obedeceram; um superior do Estado ao nível da província fez isso; era tempo de eleições e era preciso impedir que a sociedade civil descobrisse a mega fraude. Por isso, para nós, este é, claramente, um crime político orientado por aqueles que queriam vencer a eleição fraudulentamente", considerou o diretor do CDD.

Refira-se que o CDD, que patrocina os advogados da família de Anastácio Matavel, defende a abertura de um processo autónomo para encontrar os mandantes do crime.

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