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Dívida de Angola para com a China, um "papão" desconhecido


Presidente angolano, João Lourenço, com o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a cimeira China África em Pequim, 2 de setembro de 2018
Presidente angolano, João Lourenço, com o Presidente chinês, Xi Jinping, durante a cimeira China África em Pequim, 2 de setembro de 2018

A dívida de Angola em relação à China volta à tona com informações não oficiais a indicar que o Governo de João Lourenço poderá entregar petróleo como forma de amortizar a dívida devido à falta de reservas suficientes para assegurar o pagamento.

O montante real da dívida é outra incógnita que se levanta em certos círculos em Luanda, enquanto a falta de transparência do Executivo em abordar a questão aumenta ainda as interrogações.

Informações postas a circular apontam para uma dívida para com a China na ordem dos 22 mil milhões de dólares, mas observadores angolanos duvidam desses números.

O especialista em indústria petrolífera e do gás Artur Pedro considera que a dívida de Angola com a China e com outros países não é clara e questiona a seriedade dos gestores públicos.

"Ninguém fala desta dívida para com a China de forma concisa e transparente, não há transparência, é um quebra-cabeças", lamenta Pedro, para quem isso dificulta vaticinar qualquer tipo de acordo.

Por seu lado, o economista Filomeno Vieira Lopes diz que pelo andar das coisas não se pode pôr de lado a hipótese de Angola vir a ceder parte do seu ativo estratégico para atenuar a divida que tem para com o gigante asiático.

"Em Moçambique, por exemplo, os chineses já começaram a ficar com as terras devido ao avolumar da dívida, noutras partes de África os chineses também ficaram com a gestão de importantes lugares estratégicos como portos, aqui em Angola a tendência vai ser a de ceder algum património”, avisa Vieira Lopes.

O economista lamenta a falta de informações para acompanhar o processo porque “o Governo tem formas capciosas e habilidosas sempre com o objetivo de preservar os seus interesses".

Opinião mais reservada tem o presidente da Associação Industrial de Angola, José Severino, que diz não acreditar que o Executivo ceda a sua soberania.

José Severino afirma que “um mais alto dirigente de negócios chinês está detido na China por corrupção e, por isso, em Angola há a presunção de que muita desta dívida está eivada de vícios e por isso tem que ser certificada, não apenas internamente”.

Severino acrescenta que “o Governo está tranquilo e a classe empresarial não está de acordo que seja cedido qualquer património, qualquer ativo físico aos credores que são os bancos e não o Governo chinês, não confundamos as coisas".

No início de 2019, um relatório do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola revelou que a dívida de Angola para com a China caiu de 23,2 mil milhões de dólares, em 2017, para 22,8 mil milhões de dólares no fim do primeiro trimestre do ano passado.

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