No município de Benguela, na província angolana de mesmo nome, oito de um total de 10 cidadãos ouvidos em zonas urbanas e nas periferias desconhecem o Programa de Transferências Monetárias, quando a Igreja Católica diz ter sido excluída da iniciativa governamental que prevê ajudar um milhão e 800 mil famílias em situação de pobreza em Angola.
Com o ‘’Kwenda’’ já em Diário da República, munícipes consultados pela VOA, muitos com dificuldades no acesso à cesta básica, manifestam total desconhecimento e advertem que 8.500 kwanzas mensais são irrisórios frente ao custo de vida e o número de membros das famílias.
Na luta pelo fortalecimento da proteção social, inicialmente em cinco dos 164 municípios do país, o Governo recebe elogios apenas porque existem famílias sem o mínimo para sobreviver, mas quando se analisa o custo de vida são levantados vários questionamentos.
‘’Nunca ouvi falar, mas é bom porque há pessoas que nada têm para comer. O grande problema é que só um caso de arroz está onze mil, o óleo custa mil Kwanzas, assim como quatro peixes, e as nossas famílias têm filhos e netos. É bom que nos ajudem, mas isso só dá para uns dias’’, dizem cidadãos entrevistados pela VOA.
A Diocese de Benguela, que até chegou a fazer listas de potenciais beneficiários da renda mensal, uma vez envolvida no apoio a famílias carentes por conta da pandemia da covid-19, lamenta que tenha sido esquecida depois de consultada.
Ainda assim, o padre Gabriel Marcos, diretor da Cáritas, diz que a Igreja Católica continua à espera de um sinal das autoridades.
‘Não sei por que carga de águas nunca mais fomos chamados, vamos esperar pela reacção’’, salienta o padre.
Contactado pela VOA, o Gabinete Provincial da Família e da Ação Social diz que à frente do processo de preparação está o Fundo de Apoio Social (FAS).
O FAS responde, por seu turno, que está apenas a prestar assessoria tecnológica para a identificação das famílias em situação de pobreza e que se trata de um projeto daquele departamento ministerial.