O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, denunciou um golpe de Estado em prepação e responsabilizou o antigo Chefe do Governo e candidato presidencial Umaro Sissoco Embaló por uma eventual alteração da ordem constitucional.
“Está em preparação um golpe de Estado com vista a interromper o processo da preparação das eleições presidenciais de 24 de Novembro”, escreveu Gomes na sua página no Facebook, no final da noite de segunda-feira, 21, acrescentando que “o autor destes actos está devidamente identificado de forma inequívoca e chama-se Umaro Sissoco Embaló, um dos candidatos a essas eleições apoiado pelo MADEM G-15”.
No post, o primeiro-ministro explica que a acção que conduziria à prisao do primeiro-ministro Dr. Aristides Gomes, assim como de alguns ministros deste Governo, concretizar-se-ia no seguimento de acções de vandalismo também em preparação para as próximas horas”.
Aristides Gomes afirma ainda que “as provas materiais dos preparativos para a efectivação do crime estão seguramente guardadas para serem exibidas na altura devida”.
No texto, ele apela à vigilância porque, no seu entender, “o país está a ser empurrado para uma situação de subversão da ordem constitucional por pessoas que querem a todo o custo chegar ao poder”.
O texto do primeiro-ministro surge depois da publicação, nas redes sociais, de uma alegada conversa telefónica entre Umaro Sissoco Embaló e uma pessoa não identificada na qual o antigo Chefe de Governo e general alegadamente defende uma desordem popular.
Outro candidato que também ocupou a cadeira de primeiro-ministro no país, por um curto período de tempo, Domingos Simões Pereira, reagiu no Twitter, dizendo: "enquanto adversários políticos nos envergonham com tramas de golpe" ele é um "homem de paz".
A VOA não conseguiu ainda falar nem com Embaló nem com qualquer representante do MADEM-G15, o segundo partido mais votado, que apoia a candidatura presidencial do general.
Entretanto, quem já tomou uma posição, foi a representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, Rosine Sorri-Cloulibaly, de acordo com a sua porta-voz.
"Estamos a monitorizar a situação de perto, com preocupação, em conjunto com o P5", disse a porta-voz da Missão Integrada para a Consolidação de Paz na Guiné-Bissau, Júlia Alinho.
Na manhã desta terça-feira, 22, a capital Bissau acordou com a segurança reforçada por elementos da polícia e das Forças Armadas nas principais ruais e esquinas da cidade.
Na zona conhecida por Chapa de Bissau, um grupo de jovens não identificados queimaram pneus, mas sem consequência de maior.
O Presidente guineense e também candidato à reeleição, José Mário Vaz, interrompeu as suas actividades de campanha, devido a esta situação.