Os três movimentos de libertação de Angola lamentam que milhares de antigos combatentes estejam sem pensões há vários anos, quando mais de 12 mil falsos pensionistas vinham delapidando o erário graças a um esquema associado à corrupção.
Os ‘’fantasmas’’, detectados num cadastro efectuado este ano pelo Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, lesavam o Estado angolano em 270 milhões de kwanzas mensalmente, equivalentes a 808 mil dólares americanos.
Não foi avançado o período da fraude, mas o ministro João Ernesto dos Santos ‘’Liberdade’’ revelou que os prejuízos causados pelos 12.451 falsos pensionistas impõem um novo cadrasto já a partir de Julho, com a participação das Finanças.
‘’O Ministério passará a contar com uma base de dados credível e sustentável, com indicadores fiáveis sobre quantos e quais são os beneficiários da pensão de mérito’’, adverte o governante.
Em Benguela, província que acolheu no início desta semana o conselho consultivo alargado dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, a representação da FNLA associa o esquema ora detectado ao fenómeno corrupção.
António Santana lembra que existem nesta parcela do país 387 ex-guerrilheiros à espera de pensões, mas vinca que o problema é nacional.
‘’Isso, todos sabem, é a corrupção, acontece na altura das inscrições. Nos partidos as coisas estão controladas, são conhecidos quem lutou pela independência. Isso prejudica os verdadeiros e familiares dos que não recebem’’, sublinha Santana.
E quando se procuram culpados, a UNITA, por intermédio de Simão Temba, da Associação dos Antigos Combatentes pela Independência Total de Angola, que luta pela inserção de 547 homens nesta província, ataca a governação.
‘’Na Unita não existem falsos, tudo isso acontece porque o regime foi inserindo esses nomes. Temos até deficientes que foram rejeitados por falta de nota de encaminhamento’’, refere o desmobilizado.
Em nome da Ascofa, a associação que congrega antigos combatentes do MPLA, António Tchinhama dos Santos prefere destacar os ganhos da limpeza em curso, até porque a maior parte dos 37 mil registados em Benguela não tem pensões.
‘’A redução do pessoal indevido dará estas benesses aos camaradas que têm direito’’, antevê Dos Santos.
Excluídos os ‘’fantasmas’’, o Governo angolano já só paga a 162.386 antigos combatentes, estando a média de pensões na casa dos 20 mil kwanzas por mês.